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Sem emprego,
muitos voltam
ao Nordeste
DA FOLHA RIBEIRÃO
Elias de Souza Rais, 30,
saiu do Maranhão em abril
deste ano em um ônibus lotado de homens que, como
ele, sonhavam aproveitar o
boom do álcool e obter um
emprego no corte de cana na
região de Ribeirão Preto
(SP), a maior produtora do
combustível no país.
Menos de um mês depois,
sem conseguir emprego, sem
dinheiro e após passar muitos dias comendo apenas arroz duro e dormindo em um
quarto sem camas, ele e os
companheiros foram enviados de volta para casa graças
à ajuda da Igreja Católica e
das prefeituras de Guariba e
Dumont. As duas cidades
funcionam como uma espécie de cidades-dormitório de
migrantes da cana.
Rais foi uma das vítimas do
aumento da mecanização,
que tem diminuído ano a ano
o número de postos de trabalho no corte manual da cana
-na região de Ribeirão Preto, cerca de 70% da cana já é
colhida com máquinas-, e
também do maior cuidado
do setor na hora de selecionar os trabalhadores.
Devido às mortes ocorridas nos canaviais, os exames
médicos estão mais rigorosos e barram, por exemplo,
candidatos com suspeita de
terem o mal de Chagas
(transmitido por um inseto
conhecido como barbeiro).
Muitos trabalhadores chegaram a ser contratados pelas usinas mas, ao vencer o
prazo de três meses de experiência, foram dispensados
-as empresas alegam que
muitos pediram demissão
por não terem se adaptado
ao trabalho.
Segundo a Pastoral do Migrante de Guariba, nos meses de maio e junho, pelo menos três ônibus por semana
saíram da cidade lotados de
trabalhadores retornando ao
Nordeste. A situação provocou uma espécie de vaivém
da cana em plena safra: enquanto migrantes desempregados voltavam de ônibus, os mesmos veículos traziam mulheres e filhos dos
bóias-frias aprovados.
São casos de trabalhadores
que optaram por recompor a
família, já que têm a garantia
de emprego ao menos até o
final da safra. As mulheres,
recém-chegadas, também
buscam postos de trabalho,
principalmente na colheita
de laranja nas lavouras de cidades da região, como Itápolis.
(JULIANA COISSI E JUCIMARA DE PAUDA)
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