São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Petróleo cai apesar de corte na produção

Redução anunciada pela Opep foi considerada modesta, e analistas prevêem que o preço do barril continuará a recuar

Levantamento mostra que investidores venderam cerca de US$ 39 bi em contratos futuros do produto desde o pico, em julho, até este mês

DA REDAÇÃO

O preço do barril de petróleo voltou a cair ontem, apesar da decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de diminuir a oferta global do produto e da queda nos estoques norte-americanos na semana passada devido ao furacão Gustav. A valorização do dólar e a previsão de queda na demanda mundial de petróleo tiveram impacto maior que a decisão do cartel na cotação.
Em Nova York, a cotação do barril continuou a se aproximar da marca de US$ 100, caindo 0,66% e terminando o dia valendo US$ 102,58. A última vez que o petróleo ficou abaixo de três dígitos no mercado dos EUA foi em 4 de março, quando foi cotado a US$ 99,52. Em Londres, o Brent terminou o pregão valendo menos de US$ 100, o que não ocorria em mais de cinco meses. O barril se desvalorizou em 1,37%, cotado a US$ 98,97 no final do dia.
A decisão da Opep de cortar a sua produção diária em pouco mais de 500 mil barris, para 28,8 milhões de barris, foi considerada modesta por analistas. Além disso, pesou contra o histórico do cartel, responsável por 40% da oferta mundial, o fato de não cumprir suas metas de produção -a promessa atual, reiterada anteontem, foi estabelecida há um ano, mas não foi seguida pelo grupo. E a Arábia Saudita, principal produtora mundial, indicou que não reduzirá a oferta, mas não deverá anunciar isso publicamente para não entrar em conflitos com os demais membros.
"O que eles estão dizendo é "estivemos trapaceando durante o último ano". Eu não acredito que os mercados vão levar isso [corte na produção da Opep] a sério", afirmou o analista e corretor Stephen Schork. "Eu acredito que o espírito geral é o de que os preços caiam."
Antoine Halff, analista da Newedge USA, também prevê que o barril continuará a se desvalorizar. Para ele, o "pânico" dos ministros da Opep "é o testamento de quão fraco o mercado se tornou. E é provável que ele fique ainda mais fraco".
O próprio presidente da Opep, o argelino Chakib Khelil, afirmou, após a decisão do cartel, que o corte não deveria ter muito impacto nos preços devido à desaceleração da economia mundial, que deve reduzir o consumo. "O meu pressentimento é que os preços continuarão a cair, apesar da decisão", disse o dirigente. "Existe um excesso de oferta e todos concordam com isso."
Mais que o corte da Opep pesou ontem a previsão da Agência Internacional de Energia, que disse que a demanda global cairá neste ano e em 2009.
Após atingir o seu pico em julho, de US$ 145,29 em Nova York, o preço do barril já recuou 29,4%. Os investidores em índices de commodities, acusados de serem os responsáveis pelos preços recordes, venderam o equivalente a US$ 39 bilhões em contratos futuros do produto entre 11 de julho e o dia 2 deste mês, segundo relatório divulgado ontem.
O estudo do fundo de hedge Masters Capital Management responsabiliza os investidores que compram e detêm índices de commodities pela elevação dos preços a níveis recordes e por sua queda subseqüente. "Não acredito que tenha sido apenas coincidência que o dinheiro saiu depois que se fez pressão sobre esses operadores", disse Michael Masters, presidente do fundo.


Com agências internacionais


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