|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CÂMBIO
CMN autoriza operação só para companhias de energia para eliminar risco cambial das privatizações
Empresas podem ter conta em dólar
da Sucursal de Brasília
O CMN (Conselho Monetário
Nacional) autorizou ontem a
abertura de contas em moedas estrangeiras por empresas que venham a injetar recursos externos
nos setores de petróleo, gás natural e energia elétrica.
A medida tem o objetivo de dar
mais garantias às empresas interessadas no processo de privatização no setor energético, enquanto são mantidas as atuais regras de controle cambial e ainda
há riscos de variações mais bruscas na cotação do dólar.
Segundo o diretor de Assuntos
Internacionais do Banco Central,
Daniel Gleizer, o governo pretende, a longo prazo, liberalizar o
mercado de câmbio, eliminando
restrições à saída de capitais do
Brasil. Nesse cenário, a existência
de contas em moeda estrangeira
se torna desnecessária, segundo
ele.
De forma mais imediata, a medida de ontem deverá facilitar a
venda das geradoras de energia
elétrica, que foi adiada para o primeiro semestre do próximo ano.
A venda das estatais do setor
elétrico seria o "filé mignon" do
programa federal de privatização
neste ano. Foi prejudicada pela
crise que culminou na maxidesvalorização do real em relação ao
dólar, promovida a partir de janeiro.
Com o adiamento da privatização, a receita de privatização esperada para 1999 caiu de R$ 24,2
bilhões para R$ 9,2 bilhões
Autorização
A resolução 2.644 do CMN, que
será publicada na edição da próxima segunda-feira do "Diário
Oficial" da União, permite a abertura de contas em dólares ou em
qualquer outra moeda por empresas nacionais e estrangeiras
nos bancos autorizados pelo BC a
operar com câmbio.
Haverá duas exigências básicas.
A primeira é que os projetos de
investimento -de aquisição ou
de montagem de planta- sejam
financiados por recursos provenientes do exterior e registrados
no Banco Central.
A segunda exigência é que sejam depositados nessas contas
apenas os recursos obtidos pelas
empresas com a venda de seus
produtos, depois de efetuado o
investimento. Deverão ser antes
descontados todos os custos da
atividade, inclusive os impostos
devidos.
Ou seja, os recursos a serem depositados devem ser aqueles que
as empresas hoje costumam remeter ao exterior -lucros, dividendos e pagamentos de juros,
entre outros.
Para o investidor ou financiador
estrangeiro, a conta em moeda estrangeira representa a garantia de
que sua filial ou representante no
Brasil vai remeter a fatia que lhe
cabe dos ganhos obtidos.
Também permite uma forma de
proteção contra a desvalorização
do real menos custosa que as
atuais operações financeiras oferecidas pelo mercado (o "hedge",
ou proteção) contra as oscilações
na taxa de câmbio no Brasil.
"Optamos por desenhar um
mecanismo para viabilizar imediatamente esses investimentos,
que contam com longos prazos de
retorno", afirmou Gleizer.
A questão envolve ainda a concorrência do Brasil com outros
países que pretendem atrair investimentos estrangeiros para os
mesmos setores.
Segundo José Maria Carvalho,
chefe do Departamento de Câmbio do Banco Central, de 40 a 50
países estudados conseguiram
adotar modelos eficientes de
"hedge" e ainda permitem a
transferência dos recursos ao exterior a qualquer momento.
"Aqui, não", afirmou Carvalho.
"Os certificados de registro dos
investimentos informam as condições para que as remessas possam ser feitas", completou ele.
Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Medida do CMN tem apoio da indústria Índice
|