São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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Pãozinho deve custar até R$ 0,30

DA REPORTAGEM LOCAL

No setor de industrializados, um dos destaques no aumento dos preços ficou para os derivados do trigo. A alta do cereal no mercado externo, associada à quebra de safra interna em relação às previsões iniciais, se propagou para vários itens. As padarias, que pagavam R$ 30 pela saca de farinha no início do segundo semestre, agora pagam até R$ 72.
Henrique Pereira, sócio-proprietário do Palácio do Pão, de Santo André (SP), diz que essa situação levou as padarias a praticar preços suicidas. Além dos custos da farinha, o setor teve aumentos acentuados na energia elétrica e na água. O dissídio da categoria será no próximo mês, o que trará mais pressão.
Para Boaventura dos Santos Antônio, da Boulevard, de Higienópolis (SP), o setor vive momentos difíceis. "É uma pena se voltarmos aos tempos de inflação galopante", diz ele.
O pãozinho, que está próximo de R$ 0,20 por unidade, deve subir para R$ 0,30. A alta do trigo forçará novos repasses para a farinha nos supermercados, para as pizzas e para os biscoitos.
A boa notícia no setor é que os preços pararam de subir nos moinhos. Lawrence Pih, do Moinho Pacífico, diz que, após as eleições, o dólar deverá cair. Além disso, a safra argentina começa a partir de dezembro. O trigo dobrou de preço, em dólar, neste ano no mercado externo, diz Pih.

Óleo de soja
Outro destaque no setor foram os preços do óleo de soja, que também tiveram forte aumento neste ano. Pode haver novos repasses, mas com intensidade menor. A embalagem de óleo de soja (900 ml) já supera R$ 2 nos supermercados paulistas. No início do ano estava a R$ 1,30.
A alta do produto no mercado interno segue a tendência do externo. Há grande procura por soja em grãos e por óleo no mercado internacional, o que puxou os preços para cima. A margarina, feita à base de gorduras vegetais, acompanha os preços do óleo.
O café, que vinha com preços decrescentes até agosto, mudou de rota e deve ser outro produto a pesar no bolso do consumidor. Há dois meses, as indústrias pagavam R$ 107 pela saca de café de boa qualidade e R$ 67 pela do de menor qualidade. Hoje, os preços estão em R$ 145 e R$ 95, respectivamente, diz Nathan Herszkowicz, do Sindicafé.
Ele diz que, quando a matéria-prima caiu, as indústrias repassaram a baixa para os consumidores. Agora, vão começar os repasses para cima. O quilo de café tradicional, que está em R$ 4,30 nos supermercados, poderá chegar a R$ 6,20 no final do ano. Mesmo assim, os valores vão ficar abaixo dos R$ 7,20 do início do Real, diz.


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