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TRABALHO
Previsão é da Fiesp, que divulgou ontem que o emprego teve o pior desempenho para os meses de setembro desde 95
Indústria fechará o dobro de vagas de 2001
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O nível de emprego no setor industria paulista registrou no mês
passado o pior desempenho para
um mês de setembro desde 1995.
Foram fechadas 11.297 vagas, o
que fez com que o emprego industrial caísse 0,73%. Mais: a indústria paulista deve fechar esse
ano 65 mil vagas, o que representa
o dobro das perdidas em 2001.
Os números foram apresentados ontem pela Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), com base na pesquisa
mensal de emprego promovida
pela entidade junto a 47 sindicatos patronais da indústria. Destes,
24 relataram aumento no número
de empregados, em 18 houve queda no nível de emprego e outros
cinco tiveram desempenho estável. O problema é que setores com
maior peso na pesquisa (por serem grandes empregadores) estão entre os que registraram queda no nível de emprego. Entre
eles, o de autopeças (variação negativa de 0,68%) e de automotores (queda de 0,46% no mês).
Segundo a Fiesp, em setembro
de 1995, até então o pior ano para
o setor desde que a pesquisa começou a ser feita, a queda no nível
de emprego fora de 1,28% -em
termos absolutos significa corte
de 27.257 vagas. No ano passado,
mesmo com o apagão, a variação
negativa no mês fora de 0,14%.
De janeiro a setembro deste
ano, foram cortadas 51.712 vagas.
Somente em um mês, o de abril, o
emprego industrial não recuou
em São Paulo. E o resultado de setembro só não foi pior, em 2002,
que o de agosto (quando foram
cortadas 15.359 vagas).
Mas, se naquele período, a queda do nível de emprego estivera
atrelada a fatores como a ajustes
dos estoques nas indústrias (uma
vez que o varejo estava adiando as
compras de final de ano), em setembro os efeitos da "crise da falta
de dinheiro", como denominou
ontem o diretor da Fiesp, Roberto
Faldini, recrudesceram.
"Os fatores principais para o resultado de setembro são a falta de
renda para consumir e a falta de
recursos para financiar compras",
diz Faldini. "Não fosse o desempenho de setores exportadores, os
números seriam muito mais catastróficos", completou.
De fato, setores como a indústria calçadista de Franca, que
apresentou alta de 2,34% no nível
de emprego, figuram entre aqueles que compensam a queda na
demanda no mercado interno
com vendas ao exterior -apoiadas ainda por uma taxa de câmbio
alta.
Pode ser pior
Desde 1995, em apenas um ano,
o de 2000, período de expansão da
economia brasileira e mundial, o
setor industrial paulista não fechou com queda no número de
vagas. Naquele ano, o saldo positivo (consideradas vagas abertas e fechadas)
foi de mais 27,416 mil vagas. Em
2001, o saldo acumulado resultou
na perda de 32.437 vagas.
Mas a considerar os números
dos últimos três meses, a previsão
de corte de 65 mil vagas em 2002
feita pela Fiesp pode ser tomada
como "otimista". Em julho, por
exemplo, foram perdidas 8.147
vagas. No mês seguinte, mais 15,3
mil vagas e setembro, 11,3 mil.
Como de janeiro até setembro
foram perdidas mais de 51 mil vagas, para que a previsão de perda
de "somente" 65 mil vagas no ano
se confirme seria necessário que
em outubro, novembro e dezembro, a média mensal de vagas perdidas não superasse 4,6 mil. O retrospecto do ano passado tampouco é animador: os três últimos
meses de 2001 foram de queda no
nível de emprego na indústria do
Estado de São Paulo.
A direção da Fiesp argumenta
que um outro fator (para além das
constantes crises) pode estar influindo na perda de vagas na indústria paulista nos últimos anos:
a migração de indústrias para outros Estados, fomentada pelos altos custos de produção em São
Paulo e pela guerra fiscal dos Estados. Entre os setores, estariam,
por exemplo, o têxtil, com a transferência de empresas para o Ceará, e o químico, para a Bahia.
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