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EM TRANSE
Para Eleazar de Carvalho, clima positivo incentivará investimento em 2003
País pode crescer até 4%, diz BNDES
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Depois de dois anos de baixa expansão, o Brasil poderá crescer
até 4% em 2003, segundo previsão
de Eleazar de Carvalho, presidente do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). "Não é nenhum absurdo
falar em crescimento de 4% para
o ano que vem", afirma.
O país, segundo Eleazar de Carvalho, vive hoje um clima bastante positivo, que deverá incentivar
os empresários a desengavetar
projetos de investimentos, a partir do início do ano. "Há uma vontade muito grande das pessoas em
querer que o país dê certo", diz.
Para o presidente do BNDES, o
comportamento da economia dependerá essencialmente da execução dos projetos defendidos no
programa do novo governo.
Eleazar de Carvalho elogiou o
coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci Filho. Segundo ele, todas as declarações
dadas até agora por Palocci têm
sido bem recebidas pelos empresários. "O que interessa saber agora é a forma como os planos vão
se transformar em realidade."
Para o presidente do BNDES, os
empresários vão esperar para ver
na prática quais serão de fato as
políticas a serem executadas para
iniciarem uma nova fase de investimentos. A desvalorização inesperada do real neste ano, apesar
de todos os problemas que gerou
para as empresas, deverá levar a
uma nova fase de investimentos,
na opinião de Carvalho.
Com o dólar caro, o Brasil foi
forçado a promover, mesmo que
sem planejamento, um processo
de substituição de importações.
Para driblar o encarecimento dos
produtos vindos de fora, as empresas passaram a se abastecer no
próprio país. "As empresas mostraram muita flexibilidade." Para
esse processo se consolidar, as
empresas terão que investir. Caso
contrário, terão dificuldades de
atender à demanda.
Outro fator que Eleazar de Carvalho considera importante para
a recuperação é o fato de o Brasil
ter reduzido a chamada vulnerabilidade externa com o superávit
da balança comercial, que fechará
2002 acima de US$ 10 bilhões.
"Francamente, o problema externo não existe mais."
O presidente do BNDES diz, no
entanto, que um crescimento da
economia de 4% em 2003 dependerá da normalização do crédito
externo. Mesmo que ainda seja
lenta a volta dos empréstimos,
Eleazar de Carvalho acha que a
economia, no ano que vem, poderá crescer no mínimo 3%.
Klabin
Sobre a decisão de o BNDES
participar com 40% na emissão
de debêntures da Klabin, Eleazar
de Carvalho diz que se trata de
uma operação na qual outros
bancos também entrarão, como
Bradesco, Unibanco e Itaú. De
acordo com o que a Folha apurou, a operação de emissão de debêntures da Klabin deve ser superior a R$ 1 bilhão, e o BNDES deverá entrar com R$ 450 milhões.
Eleazar de Carvalho afirma que,
nos últimos meses, o BNDES tem
procurado participar, cada vez
mais, dos conselhos de administração das empresas das quais é
sócio. Desde julho, por exemplo,
Eduardo Gentil, diretor do banco,
passou a fazer parte do conselho
de administração da Klabin.
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