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ENERGIA
Frota de ônibus cearense deve usar o combustível
Empresa desenvolve biodiesel da mamona e já atrai comprador
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Um diesel politicamente correto, que faça funcionar ônibus, tratores e outros equipamentos motorizados, assim como o diesel comum, mas sem poluir e gerando
empregos na agricultura familiar:
essa é a concepção do biodiesel da
mamona, desenvolvido pela Tecbio (Tecnologias Bioenergéticas
Ltda.), empresa incubada no Parque Tecnológico do Nutec (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial) -do governo do Ceará.
O projeto, que foi apresentado
em Brasília a deputados federais
na semana passada, já tem interessados: uma empresa de ônibus
do Ceará, a Guanabara, assinou
um protocolo de intenções para
passar a abastecer uma frota de
6.000 veículos com o óleo derivado da mamona a partir do próximo ano, assim que houver a colheita dos primeiros 10 mil novos
hectares de mamona a serem
plantados para esse projeto.
Em todo o Nordeste, deverão
ser plantados 100 mil novos hectares de mamona em 2004, com o
apoio do Dnocs (Departamento
Nacional de Obras contra as Secas), para a produção do óleo.
"Agora o biodiesel decolou",
disse Expedito Parente, da Tecbio, autor da primeira patente
mundial do produto, na década
de 1980, e pesquisador do biodiesel da mamona.
O biodiesel já tem sido utilizado
com sucesso no exterior, como na
Alemanha. É produzido a partir
de óleos e gorduras vegetais ou
animais, associados a metanol ou
etanol. No Brasil, também são estudados pela Tecbio o biodiesel
do coco de babaçu e do dendê, entre outros vegetais adaptáveis a
cada região do país.
O desempenho do motor não é
alterado com a utilização do biodiesel nem é necessário fazer nenhuma adaptação. No Ceará, já
existe um veículo-piloto movido
exclusivamente à base do combustível de mamona. O preço esperado para o litro deverá ser
compatível ao do diesel mineral.
"Na Alemanha, chega a ser 10%
mais barato", disse Parente.
Para a apresentação em Brasília,
uma miniusina de produção do
óleo, de três toneladas, partiu de
Fortaleza e foi instalada para produzir, diante dos deputados, biodiesel de mamona para abastecer
um veículo no local.
A expectativa é que, com o plantio da mamona, seja criado um
emprego a cada dois hectares,
com um rendimento de R$ 500
por hectare. A cada hectare plantado são produzidos até mil quilos de óleo de mamona.
Para a homologação do novo
combustível, inclusive para venda
comercial em postos, primeiro é
necessária a utilização em uma
frota particular, disse Parente.
(KAMILA FERNANDES)
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