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Recuperação de perdas e receitas com ações levam BNDES a resultado recorde
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro recorde de R$ 5,716 bilhões nos
nove primeiros meses de 2006
-132% a mais do que o apurado
em igual período de 2005.
No terceiro trimestre, o banco estatal obteve um lucro de
R$ 2,399 bilhões, também o
maior da história da instituição
financeira para tal período e
276% maior do que no terceiro
trimestre de 2005.
Segundo o presidente do
BNDES, Demian Fiocca, a recuperação de empréstimos
provisionados por conta de inadimplência e de alto risco de
crédito de algumas empresas e
ganhos com as participações
acionárias do BNDES -geridas
pela subsidiária BNDESPar-
explicam o bom desempenho
do banco neste ano.
"A situação financeira mais
sólida das empresas, que nos
permitiu reduzir a inadimplência e recuperar perdas, e o crescimento econômico e a maior
lucratividade das companhias
foram fatores que contribuíram para o resultado", disse.
A maior parte do lucro acumulado neste ano teve origem
na carteira da BNDESPar, que
ganhou tanto com a expansão
dos dividendos pagos pelas empresas das quais o BNDES é
acionista como com a venda de
ações no mercado. Destaca-se,
no período, a venda de papéis
do Banco do Brasil, segundo
Fiocca. Neste ano, o Tesouro se
desfez das ações que excediam
o controle do governo. O
BNDES, a Previ e a tesouraria
do BB acompanharam o movimento e também venderam
suas ações.
De janeiro a setembro, o
BNDES lucrou R$ 3,029 bilhões com sua carteira de ações.
Desse total, R$ 1,486 bilhão
veio da venda de participações
acionárias, e R$ 1,187 bilhão teve origem no pagamento de dividendos (remuneração do
acionista).
Já a recuperação de perdas
(provisões) gerou um resultado
positivo de R$ 1,096 bilhão. Entre as operações que estavam
provisionadas no balanço do
BNDES e foram revertidas está
a dívida da antiga Brasil Ferrovias -R$ 1,7 bilhão, dos quais
R$ 1,2 bilhão sob provisão.
Comprada dos fundos de
pensão Previ e Funcef, a Brasil
Ferrovias passou ao controle
da ALL Logística, de menor risco, o que exigiu do BNDES um
provisionamento mais baixo.
Fiocca ressaltou ainda que o
banco tem atualmente mais
condições de emprestar tanto
ao setor público como ao privado graças à negociação com o
Tesouro pela qual uma dívida
do banco foi alongada e passou
a ser classificada como capital.
Tal operação elevou o patrimônio de referência do banco
para R$ 34,2 bilhões, afastando
a instituição do limite mínimo
de comprometimento com empréstimos definido pelas regras
da Basiléia (11%).
"As restrições no setor público são muito mais pelo lado da
demanda [das instituições públicas e entes federados] e das
regras de endividamento público [Lei de Responsabilidade
Fiscal]. O BNDES não tem nenhuma limitação para emprestar mais ao setor público", afirmou Fiocca.
(PEDRO SOARES)
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