São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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Recuperação de perdas e receitas com ações levam BNDES a resultado recorde

DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro recorde de R$ 5,716 bilhões nos nove primeiros meses de 2006 -132% a mais do que o apurado em igual período de 2005.
No terceiro trimestre, o banco estatal obteve um lucro de R$ 2,399 bilhões, também o maior da história da instituição financeira para tal período e 276% maior do que no terceiro trimestre de 2005.
Segundo o presidente do BNDES, Demian Fiocca, a recuperação de empréstimos provisionados por conta de inadimplência e de alto risco de crédito de algumas empresas e ganhos com as participações acionárias do BNDES -geridas pela subsidiária BNDESPar- explicam o bom desempenho do banco neste ano.
"A situação financeira mais sólida das empresas, que nos permitiu reduzir a inadimplência e recuperar perdas, e o crescimento econômico e a maior lucratividade das companhias foram fatores que contribuíram para o resultado", disse.
A maior parte do lucro acumulado neste ano teve origem na carteira da BNDESPar, que ganhou tanto com a expansão dos dividendos pagos pelas empresas das quais o BNDES é acionista como com a venda de ações no mercado. Destaca-se, no período, a venda de papéis do Banco do Brasil, segundo Fiocca. Neste ano, o Tesouro se desfez das ações que excediam o controle do governo. O BNDES, a Previ e a tesouraria do BB acompanharam o movimento e também venderam suas ações.
De janeiro a setembro, o BNDES lucrou R$ 3,029 bilhões com sua carteira de ações. Desse total, R$ 1,486 bilhão veio da venda de participações acionárias, e R$ 1,187 bilhão teve origem no pagamento de dividendos (remuneração do acionista).
Já a recuperação de perdas (provisões) gerou um resultado positivo de R$ 1,096 bilhão. Entre as operações que estavam provisionadas no balanço do BNDES e foram revertidas está a dívida da antiga Brasil Ferrovias -R$ 1,7 bilhão, dos quais R$ 1,2 bilhão sob provisão.
Comprada dos fundos de pensão Previ e Funcef, a Brasil Ferrovias passou ao controle da ALL Logística, de menor risco, o que exigiu do BNDES um provisionamento mais baixo.
Fiocca ressaltou ainda que o banco tem atualmente mais condições de emprestar tanto ao setor público como ao privado graças à negociação com o Tesouro pela qual uma dívida do banco foi alongada e passou a ser classificada como capital.
Tal operação elevou o patrimônio de referência do banco para R$ 34,2 bilhões, afastando a instituição do limite mínimo de comprometimento com empréstimos definido pelas regras da Basiléia (11%).
"As restrições no setor público são muito mais pelo lado da demanda [das instituições públicas e entes federados] e das regras de endividamento público [Lei de Responsabilidade Fiscal]. O BNDES não tem nenhuma limitação para emprestar mais ao setor público", afirmou Fiocca.
(PEDRO SOARES)


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