|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nos EUA, rede de varejo pede concordata
Circuit City, segunda maior no ramo de eletroeletrônicos, recorre à Lei de Falências porque fornecedores não vendem a crédito
Empresa usa o chamado Capítulo 11 para evitar as ações judiciais de credores; GM deverá adotar mesma ação nas próximas semanas
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Em mais um dia de más notícias para o setor corporativo
norte-americano, a Circuit
City, segunda maior rede dos
EUA de varejo de eletroeletrônicos, pediu concordata ontem
e encabeçou as previsões de resultados negativos em vários
segmentos até o final do ano.
As expectativas desfavoráveis atingiram ainda gigantes
como Goldman Sachs, Google,
e a empresa de logística DHL,
além de, mais uma vez, a General Motors.
Embalada positivamente na
parte da manhã pela notícia de
que o governo chinês destinará
US$ 586 bilhões para sustentar
seu mercado interno, a Bolsa de
Valores de Nova York não resistiu à série de más notícias.
O índice Dow Jones caiu
0,82%%, o S&P 500, 1,27%, e o
da Bolsa eletrônica Nasdaq fechou em baixa de 1,86%.
O pedido de concordata da
Circuit City surpreendeu outras grandes redes de eletrônicos e varejo. Os últimos dois
meses do ano são os melhores
períodos de venda dessas companhias, quando esperam retomar algum fôlego com volumes
maiores de negócios.
Entre os motivos comunicados ao mercado, a empresa citou um forte enxugamento de
linhas de crédito de seus fornecedores, queda no capital de giro e nas vendas gerais.
Com base na Lei de Falências
dos EUA, a Circuit City evocou
o chamado "Chapter 11" (Capítulo 11), que a protege de ações
judiciais de credores enquanto
tentará a reabilitação ou reorganização. De acordo com o pedido de concordata, a empresa
tinha US$ 3,4 bilhões em ativos
e US$ 2,3 bilhões em dívidas
com mais de 100 mil credores
no final de agosto.
O principal problema no momento, segundo a companhia, é
que seus grandes fornecedores
estão se recusando a vender a
crédito.
A Circuit City informou que
fechará 155 lojas nos EUA (de
um total de 721) e demitirá cerca de 20% de seus funcionários
(um corte que pode afetar até
7.300 trabalhadores). As ações
da companhia caíram 99% desde o início do ano passado.
A Circuit City está no mercado há 59 anos e foi a maior empresa a pedir concordata nos
EUA desde 2002, quando a
Kmart (varejo) tomou a mesma
decisão após os resultados desastrosos que se seguiram à recessão de 2001 no país.
A maior empresa desse mesmo setor nos Estados Unidos é
a Best Buy, com faturamento
de cerca de US$ 30 bilhões por
ano, quase três vezes mais do
que o da Circuit City.
No setor financeiro, as ações
do Goldman Sachs caíram mais
de 12% durante o dia, depois
que o banco Barclays divulgou
relatório comentando que o
banco corre o risco de registrar
novas e substanciais perdas
neste trimestre. O conjunto das
ações do setor financeiro foi o
que mais perdeu valor na Bolsa
de Nova York ontem.
O Barclays também divulgou
previsão de perdas de até 25%
na receita com publicidade para o site de buscas Google, o que
depreciou as ações da empresa.
Já a DHL anunciou que demitirá 9.500 pessoas nos EUA
depois de vários anos tentando
tirar fatias de mercado das concorrentes UPS e FedEx.
Na sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA já
havia anunciado um salto de
6,1% para 6,5% no desemprego
nos EUA, além de uma revisão,
para cima, no número de demitidos em 2008 -para um total
de 1,2 milhão de pessoas.
Previsões do Deutsche Bank
em relação à General Motors
também tiveram ontem forte
efeito negativo sobre as ações
da montadora. A empresa já havia declarado na semana passada que está ficando sem caixa.
O Deutsche previu que o preço
das ações da GM pode chegar
próximo a zero em menos de
um ano, o que derrubou em
22,94% os papéis ontem. No
ano, eles já recuaram 86,72%
(leia mais sobre GM abaixo).
Muitos analistas já esperam
que a GM siga, nas próximas semanas, o mesmo caminho da
Circuit City, e que recorra ao
"Chapter 11" para buscar a proteção da Lei de Falências.
"Se a GM conseguir evitar a
falência, acreditamos que sua
trajetória futura assumirá forma semelhante à de uma falência", disse Rod Lache, do Deutsche Bank, que rebaixou ontem
de "manter" para "vender" a recomendação em relação aos papéis da empresa.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: G20, G7, gemidos e mistificações Próximo Texto: Ajuda: BC dos EUA autoriza American Express a se tornar banco comercial Índice
|