São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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País cresceu a uma taxa de 10% no 3º tri, diz Mantega

Segundo o ministro, economia deve fechar o ano com avanço de 1% em relação a 2008

Em evento com empresários, Lula prega equilíbrio nas relações comerciais e afirma que crise deixou líderes mundiais mais humildes

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Guido Mantega, da Fazenda, durante apresentação em fórum
internacional de negócios em SP


DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira cresceu entre 8% e 10% no terceiro trimestre de 2009 em valores anualizados (na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando a crise não havia se aprofundado), afirmou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Assim, devemos ter uma taxa de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] de 1% em 2009", afirmou ele durante discurso no 2º Fórum Econômico Brasil-Itália, realizado na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista, ontem.
O ministro disse esperar para 2010 um avanço em um ritmo próximo de 5%, a ser repetido nos anos seguintes.
Falando a cerca de 400 empresários e políticos italianos que participavam da sua maior missão já enviada ao Brasil, Mantega exaltou as vantagens que o real sobrevalorizado traz para os estrangeiros que queiram fazer negócios com o país. "A taxa de câmbio apreciada barateia os produtos vendidos, dando vantagens comerciais às outras nações", afirmou o ministro, insistindo em que os presentes concentrem seus esforços no Brasil. "As condições são muito favoráveis. Neste ano, já teremos deficit na balança com a Itália."
Mantega ainda destacou que o país "possui uma das melhores perspectivas para investimentos dos estrangeiros", com projetos nas áreas de energia e logística, por exemplo. "Vocês podem participar da concorrência para o trem-bala."
Ser tão atraente e ter uma moeda demasiadamente valorizada também é um problema, no entanto, disse o ministro. "Recentemente, precisamos implantar uma tarifa [2% de IOF, Imposto sobre Operações Financeiras] para as entradas de recursos destinados à Bolsa e a aplicações de renda fixa, tamanho era o interesse do capital estrangeiro pelo Brasil. Assim, garantimos que não haja bolhas no nosso mercado."

Equilíbrio e humildade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a importância do "equilíbrio" nas transações entre os países. "Ora tem superavit para o Brasil, ora para a Itália. É preciso que seja assim para que todos se sintam confortáveis na relação comercial", disse. "Sou um homem predestinado a comprar e sou duas vezes predestinado a vender. O fundamental é que o fluxo de US$ 14 bilhões é muito pequeno. Temos muito o que construir juntos."
A necessidade de as nações se unirem é uma das lições deixadas pela crise, avaliou Lula. "Estamos tentando um acordo do Mercosul com a União Europeia, porém é muito difícil. Estou feliz que a UE esteja escolhendo um líder com papel mais relevante do que tem hoje. Por favor, não deem mancada para que a gente não quebre a cara defendendo o seu modelo de integração."
A crise também ensinou humildade aos líderes mundiais, disse. "Tenho participado do G20 e nunca vi tanta humildade. O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Bird (Banco Mundial), que eram cheios de certezas -porque é mais fácil ter certezas sobre os países pobres-, agora não têm a solução para os problemas", comentou.
Mas ele afirmou que "não acredita em Estado gestor". "O Estado tem que ser indutor e regulador, para que nenhum setor fique esquecido do desenvolvimento."


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