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Cássio Casseb deixa a presidência do Pão de Açúcar
Funcionários atribuem afastamento a divergências em relação a metas; Claudio Galeazzi é convidado para o cargo
Rede perdeu liderança para o Carrefour; executivo que
deve assumir empresa prestava serviço ao Sendas, operação do grupo no Rio
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cássio Casseb foi afastado
ontem da presidência do Grupo
Pão de Açúcar. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração, que irá anunciar o
novo presidente até a próxima
sexta-feira. O reestruturador
de empresas Claudio Galeazzi,
da Galeazzi & Associados, foi
convidado para o cargo e deveria aceitar.
Entre os motivos para a saída, dizem funcionários graduados do grupo, estão divergências em relação às metas a serem atingidas: o conselho buscava resultados mais agressivos
do que os propostos e alcançados por Casseb. Abilio Diniz,
presidente do Conselho de Administração, manifestou insatisfação com os resultados do
grupo nas últimas divulgações
de balanços.
"Casseb [ex-presidente do
Banco do Brasil] fez gestão para
bancos, e não para o varejo, e o
Pão de Açúcar perdeu velocidade", afirma Adalberto Viviani,
sócio da consultoria Concept.
"Mais do que crescer por meio
de aquisições, chegou a hora de
a rede ganhar eficiência e competitividade loja a loja, se voltar
para as classes C e D e olhar
mais seriamente para o Nordeste e o Centro-Oeste."
A troca no comando busca
atender à cobrança cada vez
mais forte por resultados, por
parte do mercado. Mais do que
uma simples substituição, aliás,
a saída de Casseb pode indicar
uma tendência trazida pela
profissionalização das empresas, pela ida às Bolsas e pela cobrança dos sócios estrangeiros
-o grupo francês Casino detém
50% da controladora do grupo.
"Esse movimento de demissão de executivos em razão de
resultados será visto com cada
vez mais freqüência no Brasil,
como acontece em mercados
mais desenvolvidos", diz Eugênio Foganholo, sócio da consultoria Mixxer.
Além de ter perdido a liderança para o Carrefour em
2007, o Grupo Pão de Açúcar
também não atingiu as metas
traçadas com a redução dos
preços aos consumidores, o
corte de 20% dos funcionários
e o combate à burocracia.
Além da urgência pelos resultados, pesou na escolha de
Galeazzi o fato de não ter sido
fácil para Diniz encontrar um
gestor profissional para o grupo: Casseb foi o nono nome
sondado por Diniz para assumir a gestão do grupo, em dezembro de 2005.
"O que aconteceu com o Casseb é mais ou menos o que houve com o [ex-técnico do Palmeiras] Caio Júnior", diz Claudio Felisoni, coordenador do
Provar (Programa de Administração do Varejo) da USP. "Pode-se até ter a sensação de que
tudo mudou com a troca no comando, mas, se não forem feitas mudanças estruturais, de
nada adianta."
Galeazzi reestruturou empresas como Artex, Mococa e
Cecrisa. Desde julho, presta
serviços à operação carioca do
grupo Pão de Açúcar, o Sendas.
A receita das operações no Rio
de Janeiro foi responsável por
18,4% da venda bruta total do
grupo e chegou a R$ 761 milhões no terceiro trimestre.
O lucro do grupo registrado
no período -a primeira melhora do resultado após cinco trimestres de queda- foi atribuído principalmente à melhora
do desempenho do Sendas.
Procurados, Galeazzi e Casseb não responderam a pedido
de entrevista até o fechamento
desta edição. O Pão de Açúcar
não confirma o nome do consultor para o cargo.
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