São Paulo, terça-feira, 11 de dezembro de 2007

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Cássio Casseb deixa a presidência do Pão de Açúcar

Funcionários atribuem afastamento a divergências em relação a metas; Claudio Galeazzi é convidado para o cargo

Rede perdeu liderança para o Carrefour; executivo que deve assumir empresa prestava serviço ao Sendas, operação do grupo no Rio

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cássio Casseb foi afastado ontem da presidência do Grupo Pão de Açúcar. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração, que irá anunciar o novo presidente até a próxima sexta-feira. O reestruturador de empresas Claudio Galeazzi, da Galeazzi & Associados, foi convidado para o cargo e deveria aceitar.
Entre os motivos para a saída, dizem funcionários graduados do grupo, estão divergências em relação às metas a serem atingidas: o conselho buscava resultados mais agressivos do que os propostos e alcançados por Casseb. Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração, manifestou insatisfação com os resultados do grupo nas últimas divulgações de balanços.
"Casseb [ex-presidente do Banco do Brasil] fez gestão para bancos, e não para o varejo, e o Pão de Açúcar perdeu velocidade", afirma Adalberto Viviani, sócio da consultoria Concept. "Mais do que crescer por meio de aquisições, chegou a hora de a rede ganhar eficiência e competitividade loja a loja, se voltar para as classes C e D e olhar mais seriamente para o Nordeste e o Centro-Oeste."
A troca no comando busca atender à cobrança cada vez mais forte por resultados, por parte do mercado. Mais do que uma simples substituição, aliás, a saída de Casseb pode indicar uma tendência trazida pela profissionalização das empresas, pela ida às Bolsas e pela cobrança dos sócios estrangeiros -o grupo francês Casino detém 50% da controladora do grupo.
"Esse movimento de demissão de executivos em razão de resultados será visto com cada vez mais freqüência no Brasil, como acontece em mercados mais desenvolvidos", diz Eugênio Foganholo, sócio da consultoria Mixxer.
Além de ter perdido a liderança para o Carrefour em 2007, o Grupo Pão de Açúcar também não atingiu as metas traçadas com a redução dos preços aos consumidores, o corte de 20% dos funcionários e o combate à burocracia.
Além da urgência pelos resultados, pesou na escolha de Galeazzi o fato de não ter sido fácil para Diniz encontrar um gestor profissional para o grupo: Casseb foi o nono nome sondado por Diniz para assumir a gestão do grupo, em dezembro de 2005.
"O que aconteceu com o Casseb é mais ou menos o que houve com o [ex-técnico do Palmeiras] Caio Júnior", diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de Administração do Varejo) da USP. "Pode-se até ter a sensação de que tudo mudou com a troca no comando, mas, se não forem feitas mudanças estruturais, de nada adianta."
Galeazzi reestruturou empresas como Artex, Mococa e Cecrisa. Desde julho, presta serviços à operação carioca do grupo Pão de Açúcar, o Sendas. A receita das operações no Rio de Janeiro foi responsável por 18,4% da venda bruta total do grupo e chegou a R$ 761 milhões no terceiro trimestre.
O lucro do grupo registrado no período -a primeira melhora do resultado após cinco trimestres de queda- foi atribuído principalmente à melhora do desempenho do Sendas.
Procurados, Galeazzi e Casseb não responderam a pedido de entrevista até o fechamento desta edição. O Pão de Açúcar não confirma o nome do consultor para o cargo.


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