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PREÇOS
IGP-DI, mais pressionado pelo atacado, atingiu 19,98%
Inflação de 1999 medida pelo IPCA é de 8,94% em 11 regiões
das Sucursais
e da Redação
A inflação de 1999 medida pelo
IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo), o indicador oficial das metas inflacionárias do governo, chegou a
8,94%, com 7,29 pontos percentuais acima da de 1998 (1,65%).
O IPCA foi divulgado ontem no
Rio pelo IBGE. Foi a maior taxa
desde 1996, quando chegou a
9,56%. O INPC (Índice Nacional
de Preços ao Consumidor) fechou o ano passado em 8,43%. O
primeiro reflete o custo de vida
para famílias com renda até 40 salários mínimos, e o segundo, até
oito mínimos. Por causa dessa diferença, produtos como alimentos têm maior peso no INPC, enquanto automóveis, por exemplo, pesam mais no IPCA.
O IPCA ficou acima da meta
para o ano passado (8%), mas
dentro da margem de variação de
dois pontos, para cima ou para
baixo, admitida pelo governo. Para este ano, a meta é de 6%, podendo também variar dois pontos para cima ou para baixo. Em
dezembro, o IPCA variou 0,60%,
contra 0,95% em novembro. O
INPC caiu de 0,94% para 0,74%.
De acordo com a equipe técnica
do IBGE, uma combinação da
desvalorização cambial com a alta das tarifas públicas, mais o aumento dos preços das commodities (matérias-primas) internacionais e a estiagem do segundo
semestre, foi a principal responsável pela inflação em 1999.
Para Eulina Nunes dos Santos,
gerente de Projetos de Índices de
Preços do IBGE, o resultado do
IPCA no ano em que a moeda
brasileira foi desvalorizada em
mais de 50% "mostra que a desindexação foi para valer".
O IPCA acumulado de 1º de julho de 1994 a 31 de dezembro de
1999 representa uma alta de preços de 85,30%.
A região metropolitana de São
Paulo registrou o segundo melhor resultado regional no IPCA
do ano passado, com alta de
8,25%, maior apenas que o resultado de Belo Horizonte (8,02%).
O IPCA e o INPC são pesquisados
em 11 regiões metropolitanas de
capitais brasileiras.
A maior inflação regional de
1999 captada pelo IBGE foi em
Porto Alegre, com 11,42%.
De acordo com a equipe técnica
do IBGE, o bloqueio judicial do
reajuste de tarifas telefônicas foi
um dos fatores que contribuíram
para a inflação de São Paulo ficar
abaixo da média nacional.
Também pressionaram a inflação da capital paulista para baixo
uma redução de 3,56% nos preços dos aluguéis e um aumento
do grupo vestuário de apenas
2,66%, contra 4,17% da média nacional. Os alimentos (7,98%)
também aumentaram abaixo da
média nacional (8,20%).
Metas
Em Brasília, o diretor de Política
Econômica do Banco Central,
Sérgio Werlang, disse que o IPCA
de 8,94% é perfeitamente coerente com o que está previsto no relatório de inflação de dezembro.
"Está dentro da expectativa de
mercado e demonstra que a inflação vai para o caminho que a gente esperava", disse Werlang.
Segundo o BC, a inflação superou o índice previsto em setembro porque houve aumentos
maiores do que os esperados da
carne bovina, dos automóveis novos e do álcool combustível. Sem
isso, a inflação teria ficado em
7,7%.
O diretor de Política Monetária
do Banco Central, Luiz Fernando
Figueiredo, disse que a tendência
é que haja um refluxo dos aumentos do fim de ano. "A inflação vai
nos devolver agora o que nos tomou no último trimestre do ano
passado", disse.
IGP-DI
Ontem também foi divulgado o
IGP-DI (Índice Geral de Preços,
no conceito de Disponibilidade
Interna), que recuou em dezembro para 1,23% e fechou o ano
passado em 19,98%. A informação foi divulgada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A taxa de 19,98% em 12 meses
foi a mais alta do Real, não considerando 1994, já que o plano teve
início em julho daquele ano. No
ano seguinte, o primeiro completo com a nova moeda, o IGP-DI
registrou 14,78%.
A grande discrepância entre o
IGP-DI e outros índices, como o
IPCA, que fechou em 8,94%, pode
ser explicada pelos preços do atacado.
No ano passado, devido ao impacto da desvalorização do real
em produtos como petróleo, enxofre, trigo etc., o IPA (Índice de
Preços no Atacado) variou nada
menos que 28,90%. O IPC (Índice
de Preços ao Consumidor), pesquisado no Rio e em São Paulo, ficou em 9,12%, bem próximo dos
demais índices de preços ao consumidor. O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) teve
variação de 9,21%.
Em dezembro o IGP-DI ficou
em 1,23%, com a seguinte composição: 1,60% no IPA, 0,60% no IPC
e 1,04% no INCC.
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