São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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PREÇOS
IGP-DI, mais pressionado pelo atacado, atingiu 19,98%
Inflação de 1999 medida pelo IPCA é de 8,94% em 11 regiões

das Sucursais
e da Redação

A inflação de 1999 medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial das metas inflacionárias do governo, chegou a 8,94%, com 7,29 pontos percentuais acima da de 1998 (1,65%).
O IPCA foi divulgado ontem no Rio pelo IBGE. Foi a maior taxa desde 1996, quando chegou a 9,56%. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) fechou o ano passado em 8,43%. O primeiro reflete o custo de vida para famílias com renda até 40 salários mínimos, e o segundo, até oito mínimos. Por causa dessa diferença, produtos como alimentos têm maior peso no INPC, enquanto automóveis, por exemplo, pesam mais no IPCA.
O IPCA ficou acima da meta para o ano passado (8%), mas dentro da margem de variação de dois pontos, para cima ou para baixo, admitida pelo governo. Para este ano, a meta é de 6%, podendo também variar dois pontos para cima ou para baixo. Em dezembro, o IPCA variou 0,60%, contra 0,95% em novembro. O INPC caiu de 0,94% para 0,74%.
De acordo com a equipe técnica do IBGE, uma combinação da desvalorização cambial com a alta das tarifas públicas, mais o aumento dos preços das commodities (matérias-primas) internacionais e a estiagem do segundo semestre, foi a principal responsável pela inflação em 1999.
Para Eulina Nunes dos Santos, gerente de Projetos de Índices de Preços do IBGE, o resultado do IPCA no ano em que a moeda brasileira foi desvalorizada em mais de 50% "mostra que a desindexação foi para valer".
O IPCA acumulado de 1º de julho de 1994 a 31 de dezembro de 1999 representa uma alta de preços de 85,30%.
A região metropolitana de São Paulo registrou o segundo melhor resultado regional no IPCA do ano passado, com alta de 8,25%, maior apenas que o resultado de Belo Horizonte (8,02%). O IPCA e o INPC são pesquisados em 11 regiões metropolitanas de capitais brasileiras.
A maior inflação regional de 1999 captada pelo IBGE foi em Porto Alegre, com 11,42%.
De acordo com a equipe técnica do IBGE, o bloqueio judicial do reajuste de tarifas telefônicas foi um dos fatores que contribuíram para a inflação de São Paulo ficar abaixo da média nacional.
Também pressionaram a inflação da capital paulista para baixo uma redução de 3,56% nos preços dos aluguéis e um aumento do grupo vestuário de apenas 2,66%, contra 4,17% da média nacional. Os alimentos (7,98%) também aumentaram abaixo da média nacional (8,20%).

Metas
Em Brasília, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Sérgio Werlang, disse que o IPCA de 8,94% é perfeitamente coerente com o que está previsto no relatório de inflação de dezembro.
"Está dentro da expectativa de mercado e demonstra que a inflação vai para o caminho que a gente esperava", disse Werlang.
Segundo o BC, a inflação superou o índice previsto em setembro porque houve aumentos maiores do que os esperados da carne bovina, dos automóveis novos e do álcool combustível. Sem isso, a inflação teria ficado em 7,7%.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, disse que a tendência é que haja um refluxo dos aumentos do fim de ano. "A inflação vai nos devolver agora o que nos tomou no último trimestre do ano passado", disse.

IGP-DI
Ontem também foi divulgado o IGP-DI (Índice Geral de Preços, no conceito de Disponibilidade Interna), que recuou em dezembro para 1,23% e fechou o ano passado em 19,98%. A informação foi divulgada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A taxa de 19,98% em 12 meses foi a mais alta do Real, não considerando 1994, já que o plano teve início em julho daquele ano. No ano seguinte, o primeiro completo com a nova moeda, o IGP-DI registrou 14,78%.
A grande discrepância entre o IGP-DI e outros índices, como o IPCA, que fechou em 8,94%, pode ser explicada pelos preços do atacado.
No ano passado, devido ao impacto da desvalorização do real em produtos como petróleo, enxofre, trigo etc., o IPA (Índice de Preços no Atacado) variou nada menos que 28,90%. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), pesquisado no Rio e em São Paulo, ficou em 9,12%, bem próximo dos demais índices de preços ao consumidor. O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) teve variação de 9,21%.
Em dezembro o IGP-DI ficou em 1,23%, com a seguinte composição: 1,60% no IPA, 0,60% no IPC e 1,04% no INCC.



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