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análise
Meta menor poderia levar à alta da Selic
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
No centro da meta de inflação, o resultado do IPCA
em 2007 mostra que estavam certos os membros do
governo que defendiam a
manutenção da meta de
4,5% para 2009, assunto que
motivou debates dentro e fora da equipe econômica em
meados do ano passado, na
visão de especialistas do
mercado financeiro.
Isso porque uma meta de
4% mesmo para o final de
2009 poderia levar o Copom
(Comitê de Política Monetária) a elevar os juros já no início de 2008. Hoje, a taxa básica da economia brasileira
está em 11,25%, e os analistas
de mercado prevêem uma
eventual retomada nos cortes somente a partir do segundo semestre.
"Confirmou-se que a meta
de 4,5% era a mais razoável e
compatível com o crescimento econômico, o cenário
externo [mais pessimista] e a
inflação dos alimentos.
Quem estava com a razão era
quem defendia a meta de
4,5%, e não quem pensava
em 4%. Para chegar a 4% [no
ano que vem], teria de dar
uma força nos juros [em
2008]", disse José Francisco
Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Para Flavio Serrano, economista da corretora López
León, o mais importante é
que o núcleo da inflação, que
desconsidera preços voláteis
como energia e alimentos,
segue estável. Segundo Serrano, mesmo que meta de inflação tivesse recuado para
4% em 2009, o núcleo estável da inflação minimizaria a
necessidade de um aumento
nos juros. "Não se sabe até
que ponto o choque no preço
dos alimentos é pontual ou
não. É provável que o IPCA
desacelere em janeiro. O alvo
de 4,5% é uma referência.
Em 2006, o IPCA ficou abaixo [do centro da meta] porque os [preços dos] alimentos caíram. A meta tem uma
linha e intervalo de tolerância exatamente para acomodar esses choques", disse.
"Grande parte do aumento
foi de alimentos, que é uma
tendência mundial. Até a
metade do ano [quando foi
estabelecida a meta para
2009], esperava-se um ponto
a menos do que veio. O padrão de inflação vem num
ritmo alto nos últimos meses", disse Nuno de Almeida,
professor do Ibmec-SP.
Para Almeida, o resultado
do IPCA em 2007 não esvazia a discussão de eventual
redução na meta de inflação
no futuro. "Continua com razão o Banco Central de pensar em perseguir uma meta
menor. A inflação é alta e teria um espaço para isso. Se a
meta fosse de 4% e a inflação
ficasse em 4,2%, não teria
qualquer complicação. Em
longo prazo, a meta poderia
ser menor", disse.
Para Serrano, o Banco
Central pode perfeitamente
seguir uma meta virtual menor do que os 4,5%, como
chegou a afirmar Henrique
Meirelles, presidente da instituição. "Não esvazia a discussão de meta virtual abaixo do centro teórico, em torno de 4,25%. Não fica evidente aumento de juros [para cumprir meta menor].
Não dá para falar quem estava certo nessa discussão."
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