São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

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Analista vê golpe se dólar disparar

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Caso a liberação da cotação do dólar leve a uma disparada da moeda dos EUA, o governo de Eduardo Duhalde poderá enfrentar ""algo extra-institucional" na Argentina. A origem desse golpe está na direita peronista.
A projeção foi feita pelo professor universitário e filósofo Oscar Raúl Cardozo, 53, um dos principais analistas políticos do país.
A seguir, trechos da entrevista de Cardozo.

Agência Folha - O que ocorrerá a partir desta semana na Argentina?
Oscar Raúl Cardozo -
Não tenho idéia. Nesta semana, Duhalde joga seu futuro e saberá se terá continuidade. O momento é de incertezas e riscos.

Agência Folha - Se Duhalde não tiver continuidade, o que ocorrerá?
Cardozo -
O futuro é obscuro. Se Duhalde for forçado a sair, a Assembléia Legislativa não tem como escolher mais um presidente em tão pouco tempo.

Agência Folha - Poderia ocorrer algo fora das instituições?
Cardozo -
Hoje, não vejo possibilidade de um golpe de Estado como vimos na América Latina nos anos 70, com militares no poder. Mas se se prolonga a ingovernabilidade, algo extra-institucional pode ocorrer. Se o dólar chegar a quatro pesos, será o mesmo que acabar com os ativos do povo.

Agência Folha - O que seria esse ""algo extra-institucional", na medida em que a esquerda não está organizada e os militares estão desacreditados?
Cardozo -
Nessa hipótese, seria uma "fujimorização" (hegemonia como a que teve o ex-presidente Alberto Fujimori nos anos 90 no Peru). Isso é possível, com alguém ligado ao menemismo, talvez. Certamente não seria o próprio [ex-presidente Carlos] Menem.



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