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Analista vê golpe se dólar disparar
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Caso a liberação da cotação do
dólar leve a uma disparada da
moeda dos EUA, o governo de
Eduardo Duhalde poderá enfrentar ""algo extra-institucional" na
Argentina. A origem desse golpe
está na direita peronista.
A projeção foi feita pelo professor universitário e filósofo Oscar
Raúl Cardozo, 53, um dos principais analistas políticos do país.
A seguir, trechos da entrevista
de Cardozo.
Agência Folha - O que ocorrerá a
partir desta semana na Argentina?
Oscar Raúl Cardozo - Não tenho
idéia. Nesta semana, Duhalde joga seu futuro e saberá se terá continuidade. O momento é de incertezas e riscos.
Agência Folha - Se Duhalde não
tiver continuidade, o que ocorrerá?
Cardozo -O futuro é obscuro. Se
Duhalde for forçado a sair, a Assembléia Legislativa não tem como escolher mais um presidente
em tão pouco tempo.
Agência Folha - Poderia ocorrer
algo fora das instituições?
Cardozo - Hoje, não vejo possibilidade de um golpe de Estado como vimos na América Latina nos
anos 70, com militares no poder.
Mas se se prolonga a ingovernabilidade, algo extra-institucional
pode ocorrer. Se o dólar chegar a
quatro pesos, será o mesmo que
acabar com os ativos do povo.
Agência Folha - O que seria esse
""algo extra-institucional", na medida em que a esquerda não está
organizada e os militares estão desacreditados?
Cardozo - Nessa hipótese, seria
uma "fujimorização" (hegemonia
como a que teve o ex-presidente
Alberto Fujimori nos anos 90 no
Peru). Isso é possível, com alguém
ligado ao menemismo, talvez.
Certamente não seria o próprio
[ex-presidente Carlos] Menem.
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