São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

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MERCADO

Estudo da USP mostra que se não houvesse a desvalorização cambial, produtores acabariam perdendo o interesse

Alta produtividade sustentou o setor agropecuário

JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor agropecuário brasileiro só conseguiu se manter nos últimos anos por causa dos excepcionais ganhos de produtividade, afirma o professor Geraldo Sant'Ana de Camargo Barros, da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). Baseado em insumos de tecnologia e novas técnicas de plantio e de criação, o setor continuou produzindo apesar da forte queda na rentabilidade.
No ano passado, o Brasil obteve a maior safra de sua história, de 98,553 milhões de toneladas de grãos, com aumento de 18,38% em relação aos 83,250 milhões de toneladas colhidos em 2000.
Ainda assim, a rentabilidade dos produtores ficou no mesmo patamar que em 2000, o que pode ser considerado uma vitória em relação aos anos anteriores.
De acordo com o professor Camargo, isso aconteceu porque, mesmo com a queda nos preços verificada ao longo dos últimos três anos, o Brasil foi capaz de elevar o volume produzido sem necessariamente aumentar a área de produção e o uso de insumos. O problema, segundo ele, é que essa é uma situação que não teria condições de se manter por muito mais tempo, principalmente com o real sobrevalorizado, impedindo o aumento das exportações.
A alta do dólar no ano passado, portanto, foi fundamental para melhorar a situação dos produtores agrícolas. Com o real mais barato, os preços brasileiros ficaram mais atrativos no exterior, impulsionando as exportações.
Outro fator positivo da desvalorização cambial, segundo Camargo, é que, com os preços mais competitivos, o escoamento do excedente da produção fica mais fácil. Isso evita que os preços despenquem por causa da superoferta de produtos.
"Com preços mais atraentes no exterior, a queda das cotações no mercado interno foi interrompida, melhorando a situação para o produtor", diz o professor, que também é pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada).
O lado negativo da desvalorização cambial é que muitos insumos para a produção, como adubos, inseticidas e maquinários, são comprados (ou pelo menos ligados indiretamente) com a moeda americana.
Neste ano, o setor agropecuário deverá crescer ainda mais, segundo o professor. A melhora do cenário para o mercado, por causa da cotação do dólar e da expectativa de recuperação da economia, será benéfica para o setor.



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