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MERCADO
Estudo da USP mostra que se não houvesse a desvalorização cambial, produtores acabariam perdendo o interesse
Alta produtividade sustentou o setor agropecuário
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor agropecuário brasileiro
só conseguiu se manter nos últimos anos por causa dos excepcionais ganhos de produtividade,
afirma o professor Geraldo Sant'Ana de Camargo Barros, da
Esalq-USP (Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz). Baseado em insumos de tecnologia e
novas técnicas de plantio e de
criação, o setor continuou produzindo apesar da forte queda na
rentabilidade.
No ano passado, o Brasil obteve
a maior safra de sua história, de
98,553 milhões de toneladas de
grãos, com aumento de 18,38%
em relação aos 83,250 milhões de
toneladas colhidos em 2000.
Ainda assim, a rentabilidade
dos produtores ficou no mesmo
patamar que em 2000, o que pode
ser considerado uma vitória em
relação aos anos anteriores.
De acordo com o professor Camargo, isso aconteceu porque,
mesmo com a queda nos preços
verificada ao longo dos últimos
três anos, o Brasil foi capaz de elevar o volume produzido sem necessariamente aumentar a área de
produção e o uso de insumos. O
problema, segundo ele, é que essa
é uma situação que não teria condições de se manter por muito
mais tempo, principalmente com
o real sobrevalorizado, impedindo o aumento das exportações.
A alta do dólar no ano passado,
portanto, foi fundamental para
melhorar a situação dos produtores agrícolas. Com o real mais barato, os preços brasileiros ficaram
mais atrativos no exterior, impulsionando as exportações.
Outro fator positivo da desvalorização cambial, segundo Camargo, é que, com os preços mais
competitivos, o escoamento do
excedente da produção fica mais
fácil. Isso evita que os preços despenquem por causa da superoferta de produtos.
"Com preços mais atraentes no
exterior, a queda das cotações no
mercado interno foi interrompida, melhorando a situação para o
produtor", diz o professor, que
também é pesquisador do Cepea
(Centro de Estudos Avançados de
Economia Aplicada).
O lado negativo da desvalorização cambial é que muitos insumos para a produção, como adubos, inseticidas e maquinários,
são comprados (ou pelo menos ligados indiretamente) com a moeda americana.
Neste ano, o setor agropecuário
deverá crescer ainda mais, segundo o professor. A melhora do cenário para o mercado, por causa
da cotação do dólar e da expectativa de recuperação da economia,
será benéfica para o setor.
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