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ECONOMIA
Emergentes criticam nova proposta para o comércio
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
Convidados do encontro dos
ministros das finanças do G8 (os
sete países mais ricos e a Rússia)
em Moscou, Brasil, China e Índia
se rebelaram contra uma proposta da União Européia para que os
ricos invistam em infra-estrutura
voltada para relações comerciais
das nações em desenvolvimento.
De acordo com o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, a recusa não foi à oferta de ajuda em si,
mas ao que foi interpretado como
uma tática diversionista em relação ao cerne da Rodada Doha de
liberalização do comércio.
"A delegação da União Européia deu ênfase à proposta de que
os países ricos devem dar, aos países mais pobres, ajuda à infra-estrutura dirigida ao comércio. Nós,
a China e a Índia dissemos que isso é insuficiente, que é um aspecto
importante, mas não entra na
questão fundamental, que é a das
tarifas e subsídios para os produtos agrícolas", afirmou Palocci
ontem, após café da manhã com
os colegas do G8. Segundo Palocci, o interesse dos emergentes é
"entrar no centro da questão, não
ficar tangenciando o problema".
Não houve em Moscou evolução em relação à reunião ministerial da OMC em Hong Kong, em
dezembro, que por sua vez já fracassara em concluir as negociações da Rodada Doha. O que houve, mais uma vez, foram promessas de empenho.
"Reafirmamos a ambição de
que um ambicioso resultado para
a Rodada Doha é essencial para
aumentar o crescimento e reduzir
a pobreza. Após o encontro ministerial de Hong Kong reconhecemos que efeitos adicionais são
necessários", diz o documento final da reunião do G8.
Palocci contou que o ministro
das finanças britânico, Gordon
Brown, foi o mais crítico em relação ao atual estado da Rodada e
reforçou a necessidade de um encontro entre chefes de Estado para agilizar a questão. "Ele acha
que avançou pouco. Por isso propôs formalmente que haja a reunião. Disse que o [premiê] Tony
Blair está bancando essa hipótese.
Era uma idéia inicial do Brasil,
mas como Blair está liderando isso agora na Europa, eu reforcei."
Para o ministro, a reunião pode
ocorrer antes de abril, mês fixado
para se definir algum avanço nas
negociações da Rodada.
Crescimento
Palocci comparou o cenário da
economia brasileira em 2006 ao
de 2004, quando o Brasil cresceu
4,9%. "A inflação está baixa, o risco-país está abaixo de 230, os juros estão em queda, continuamos
gerando 100 mil empregos por
mês, e a renda está crescendo."
Indagado se, então, o PIB deste
ano cresceria 5%, indicou com
gestos que poderia ser algo em
torno disso.
Avaliação igualmente positiva
foi feita no documento do G8 sobre o cenário mundial. Diz que o
crescimento da economia global
"permanece sólido" e assim deve
continuar em 2006.
"Riscos persistem, incluindo
preços de energia altos e voláteis",
diz o texto.
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