São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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ECONOMIA

Emergentes criticam nova proposta para o comércio

FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Convidados do encontro dos ministros das finanças do G8 (os sete países mais ricos e a Rússia) em Moscou, Brasil, China e Índia se rebelaram contra uma proposta da União Européia para que os ricos invistam em infra-estrutura voltada para relações comerciais das nações em desenvolvimento.
De acordo com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a recusa não foi à oferta de ajuda em si, mas ao que foi interpretado como uma tática diversionista em relação ao cerne da Rodada Doha de liberalização do comércio.
"A delegação da União Européia deu ênfase à proposta de que os países ricos devem dar, aos países mais pobres, ajuda à infra-estrutura dirigida ao comércio. Nós, a China e a Índia dissemos que isso é insuficiente, que é um aspecto importante, mas não entra na questão fundamental, que é a das tarifas e subsídios para os produtos agrícolas", afirmou Palocci ontem, após café da manhã com os colegas do G8. Segundo Palocci, o interesse dos emergentes é "entrar no centro da questão, não ficar tangenciando o problema".
Não houve em Moscou evolução em relação à reunião ministerial da OMC em Hong Kong, em dezembro, que por sua vez já fracassara em concluir as negociações da Rodada Doha. O que houve, mais uma vez, foram promessas de empenho.
"Reafirmamos a ambição de que um ambicioso resultado para a Rodada Doha é essencial para aumentar o crescimento e reduzir a pobreza. Após o encontro ministerial de Hong Kong reconhecemos que efeitos adicionais são necessários", diz o documento final da reunião do G8.
Palocci contou que o ministro das finanças britânico, Gordon Brown, foi o mais crítico em relação ao atual estado da Rodada e reforçou a necessidade de um encontro entre chefes de Estado para agilizar a questão. "Ele acha que avançou pouco. Por isso propôs formalmente que haja a reunião. Disse que o [premiê] Tony Blair está bancando essa hipótese. Era uma idéia inicial do Brasil, mas como Blair está liderando isso agora na Europa, eu reforcei."
Para o ministro, a reunião pode ocorrer antes de abril, mês fixado para se definir algum avanço nas negociações da Rodada.

Crescimento
Palocci comparou o cenário da economia brasileira em 2006 ao de 2004, quando o Brasil cresceu 4,9%. "A inflação está baixa, o risco-país está abaixo de 230, os juros estão em queda, continuamos gerando 100 mil empregos por mês, e a renda está crescendo." Indagado se, então, o PIB deste ano cresceria 5%, indicou com gestos que poderia ser algo em torno disso.
Avaliação igualmente positiva foi feita no documento do G8 sobre o cenário mundial. Diz que o crescimento da economia global "permanece sólido" e assim deve continuar em 2006.
"Riscos persistem, incluindo preços de energia altos e voláteis", diz o texto.


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