São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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Petrobras capta US$ 1,5 bi no exterior para investimentos

Estatal diz que elevará endividamento para investir, mas manterá grau de investimento

Plano de investimento para este ano prevê gastos recordes de R$ 62 bilhões, apesar da queda abrupta no preço do petróleo


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras anunciou ontem a captação de US$ 1,5 bilhão (R$ 3,5 bilhões) em bônus no mercado externo, que serão destinados a financiar seu plano de investimentos para 2009 -de R$ 62 bilhões. O prazo de pagamento é de dez anos, com taxa de juro de 7,87%.
A operação substitui parte de um empréstimo-ponte de curto prazo, no valor de US$ 5 bilhões (R$ 11,5 bilhões), fechado com pool de bancos -HSBC, Citibank, JPMorgan, Santander e Banco do Brasil. Ou seja, resta à Petrobras quitar US$ 3,5 bilhões com esses bancos.
O empréstimo foi necessário para assegurar os investimentos em 2009 previstos no novo plano de negócios da companhia, também garantidos pela linha de crédito de R$ 25 bilhões do BNDES e por US$ 10 bilhões em caixa (R$ 23 bilhões). Em 2008, a estatal investiu a R$ 53,4 bilhões -18% mais do que em 2007.
Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, a demanda para a captação externa chegou a US$ 5,3 bilhões, mas a companhia decidiu tomar menos recursos.
Ele afirmou que a estatal já tem também recursos garantidos para investimentos de 2010 -estimados, em média, em US$ 35 bilhões. No ano que vem, a estatal disporá de US$ 16 bilhões (com o preço do petróleo a US$ 40 o barril) em caixa e US$ 10 bilhões do BNDES.
"Precisamos de mais US$ 9 bilhões e, como vimos com a demanda da captação de ontem, não faltam recursos à Petrobras", afirmou Gabrielli.
Ao final do ano passado, a Petrobras recorreu a empréstimos da Caixa (R$ 2 bilhões) e do BB (R$ 750 milhões), após dificuldade de caixa atribuída a pagamento de mais royalties e tributos do que previa por causa da variação cambial.
O recurso ao mercado de crédito brasileiro, já apertado pela crise financeira, foi criticado até pelo presidente Lula.
Gabrielli disse ontem não poder detalhar a participação do BB no empréstimo-ponte. Afirmou, porém, que a companhia aumentará seu endividamento para fazer frente a seu ambicioso plano de investimentos até 2013 -de US$ 174,4 bilhões.
"Vamos ter de aumentar o endividamento da Petrobras. Esse programa [de investimento] só é viável com mais dívidas. Mas não podemos colocar em risco o grau de investimento da companhia", disse.
Para manter a nota de bom pagador das agências de risco, o executivo afirma que o nível de endividamento chegará a, no máximo, 35% do patrimônio líquido. Até agora, diz, a empresa financiou seus investimentos "com caixa próprio" e se manteve "pouco alavancada" -com endividamento de 20%.
Mas, com o pré-sal, o cenário mudou, e a empresa precisa ampliar o endividamento para explorar essas reservas, segundo Gabrielli. "Ou desenvolvemos essa riqueza que não tem paralelo no mundo agora ou perdemos o bonde."
Gabrielli disse ainda que o pré-sal é viável com o barril de petróleo abaixo da faixa de US$ 50 a US$ 40 -no plano atual, os projetos têm como referência o preço de US$ 37 o barril em 2009, US$ 40 em 2010 e US$ 45 de 2011 a 2013. Antes da crise, bateu em US$ 145 em 2008.
O executivo acredita na alta do petróleo para uma faixa próxima a US$ 50 o barril (fechou ontem a US$ 35,94). Diz ainda que os custos de produção no pré-sal tendem a cair.

Navios
A Transpetro, braço marítimo da Petrobras, e o BNDES anunciaram ontem a criação de um programa de apoio a fabricantes de peças de navios.


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