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Petrobras capta US$ 1,5 bi no exterior para investimentos
Estatal diz que elevará endividamento para investir, mas manterá grau de investimento
Plano de investimento para este ano prevê gastos recordes de R$ 62 bilhões, apesar da queda abrupta
no preço do petróleo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou ontem
a captação de US$ 1,5 bilhão
(R$ 3,5 bilhões) em bônus no
mercado externo, que serão
destinados a financiar seu plano de investimentos para 2009
-de R$ 62 bilhões. O prazo de
pagamento é de dez anos, com
taxa de juro de 7,87%.
A operação substitui parte de
um empréstimo-ponte de curto prazo, no valor de US$ 5 bilhões (R$ 11,5 bilhões), fechado
com pool de bancos -HSBC,
Citibank, JPMorgan, Santander e Banco do Brasil. Ou seja,
resta à Petrobras quitar US$ 3,5
bilhões com esses bancos.
O empréstimo foi necessário
para assegurar os investimentos em 2009 previstos no novo
plano de negócios da companhia, também garantidos pela
linha de crédito de R$ 25 bilhões do BNDES e por US$ 10
bilhões em caixa (R$ 23 bilhões). Em 2008, a estatal investiu a R$ 53,4 bilhões -18%
mais do que em 2007.
Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, a
demanda para a captação externa chegou a US$ 5,3 bilhões,
mas a companhia decidiu tomar menos recursos.
Ele afirmou que a estatal já
tem também recursos garantidos para investimentos de 2010
-estimados, em média, em
US$ 35 bilhões. No ano que
vem, a estatal disporá de US$ 16
bilhões (com o preço do petróleo a US$ 40 o barril) em caixa e
US$ 10 bilhões do BNDES.
"Precisamos de mais US$ 9
bilhões e, como vimos com a
demanda da captação de ontem, não faltam recursos à Petrobras", afirmou Gabrielli.
Ao final do ano passado, a Petrobras recorreu a empréstimos da Caixa (R$ 2 bilhões) e
do BB (R$ 750 milhões), após
dificuldade de caixa atribuída a
pagamento de mais royalties e
tributos do que previa por causa da variação cambial.
O recurso ao mercado de crédito brasileiro, já apertado pela
crise financeira, foi criticado
até pelo presidente Lula.
Gabrielli disse ontem não poder detalhar a participação do
BB no empréstimo-ponte. Afirmou, porém, que a companhia
aumentará seu endividamento
para fazer frente a seu ambicioso plano de investimentos até
2013 -de US$ 174,4 bilhões.
"Vamos ter de aumentar o
endividamento da Petrobras.
Esse programa [de investimento] só é viável com mais dívidas.
Mas não podemos colocar em
risco o grau de investimento da
companhia", disse.
Para manter a nota de bom
pagador das agências de risco, o
executivo afirma que o nível de
endividamento chegará a, no
máximo, 35% do patrimônio líquido. Até agora, diz, a empresa
financiou seus investimentos
"com caixa próprio" e se manteve "pouco alavancada" -com
endividamento de 20%.
Mas, com o pré-sal, o cenário
mudou, e a empresa precisa
ampliar o endividamento para
explorar essas reservas, segundo Gabrielli. "Ou desenvolvemos essa riqueza que não tem
paralelo no mundo agora ou
perdemos o bonde."
Gabrielli disse ainda que o
pré-sal é viável com o barril de
petróleo abaixo da faixa de US$
50 a US$ 40 -no plano atual, os
projetos têm como referência o
preço de US$ 37 o barril em
2009, US$ 40 em 2010 e US$ 45
de 2011 a 2013. Antes da crise,
bateu em US$ 145 em 2008.
O executivo acredita na alta
do petróleo para uma faixa próxima a US$ 50 o barril (fechou
ontem a US$ 35,94). Diz ainda
que os custos de produção no
pré-sal tendem a cair.
Navios
A Transpetro, braço marítimo da Petrobras, e o BNDES
anunciaram ontem a criação de
um programa de apoio a fabricantes de peças de navios.
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