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Recessão foi a mais curta desde 80, diz FGV
Comitê afirma que ciclo de retração econômica durou 6 meses, de julho de 2008 a janeiro do ano passado
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A última crise econômica
atravessada pelo país foi a mais
curta desde 1980 -seis meses,
de julho de 2008 a janeiro de
2009-, afirma o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da
Fundação Getulio Vargas.
O curto período da mais recente crise foi antecedido pelo
mais longo período de expansão econômica desses 30 anos.
Foram 61 meses, iniciados em
junho de 2003 e encerrados em
julho de 2008.
Desde 1980, o Brasil viveu oito crises. Também se concluiu
que vivemos mais na prosperidade do que em recessão. São
28,7 meses, em média, para cada período de alta, ante 15,7
meses médios dos períodos de
retração econômica.
O comitê identificou que a
maior crise pela qual o país passou durou 30 meses, entre junho de 1989 e dezembro de
1991. Esse período engloba a fase mais crítica de hiperinflação,
quando o índice alcançou 80%
ao mês, e o Plano Collor, que teve como medida mais traumática o confisco, por 18 meses,
dos saldos de contas-correntes
e cadernetas de poupança.
Para o comitê, uma recessão
se caracteriza por "um declínio
expressivo de atividade econômica ocorrendo simultaneamente em diversos setores durante alguns meses". Para avaliar a ocorrência, são analisadas
as evoluções de indicadores de
produção industrial, vendas no
comércio, emprego e rendimento do trabalho.
O mês identificado pelo comitê como início da crise mais
recente antecede em dois meses o momento mais crítico da
crise internacional, quando o
banco americano Lehman Brothers quebrou. E o momento final seria o período em que ainda havia grandes empresas fazendo corte de pessoas e de
produção.
"Antes do Lehman Brothers,
já havia indicadores de crise,
como problemas com a concessão de crédito", diz Paulo Pichetti, um dos economistas
responsáveis pelo estudo.
Segundo ele, o pior da crise
ocorreu em dezembro, quando
houve corte na produção da indústria seguido por férias coletivas e demissões. Naquele
mês, o governo anunciou redução do IPI como medida para
estimular o consumo e frear os
efeitos da crise.
Em janeiro de 2009, diz, é
possível identificar o início da
reação. "Foi um começo de recuperação em cima de um período muito ruim, por isso não
foi imediatamente percebido",
diz Pichetti.
Para o economista, o Brasil
pôde viver o maior ciclo de
crescimento da história entre
2003 e 2008 e sair rapidamente
da crise entre 2008 e 2009, devido à "melhoria dos fundamentos da economia brasileira". Contribuíram para isso,
diz, a estabilidade da moeda e a
mudança da regra para o câmbio, que passou a flutuar ao sabor do mercado, livre de cotações fixas.
Pichetti também explica o
porquê de mapear inícios e fins
de crises. "Isso nos permite ter
uma melhor compreensão das
crises inseridas em momentos
históricos, além de ajudar a
identificar sinais de crises futuras e escolher quais remédios o
governo deve usar para abreviá-las ou evitá-las."
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