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CONTRA A RECESSÃO
Corte do IPI dos carros depende só da adesão de Itamar; governador quer compensar perda de arrecadação
MG faz suspense sobre acordo anticrise
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
A conclusão
do acordo que
permite queda
de até 11% no
preço dos carros
depende agora
só da adesão do
governo de Minas Gerais, que está se recusando a
aceitar a redução de 12% para 9%
do ICMS sobre o setor automotivo.
O governador de Minas, Itamar
Franco (PMDB), é contra a redução porque isso significará queda
mensal de R$ 5 milhões na arrecadação do ICMS que incide sobre o
setor automotivo do Estado.
Até o início da noite de ontem,
Itamar, que vem fazendo oposição
ao governo de Fernando Henrique
Cardoso, não havia designado representantes para a reunião que
ocorre hoje em São Paulo para referendar o acordo costurado anteontem em Brasília.
O governo do Paraná, que também estava contra o acordo, anunciou ontem que concorda com a
redução do ICMS. O Paraná é governado pelo pefelista Jaime Lerner, que apóia FHC.
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), foi o primeiro a
concordar com a redução do imposto. Os três Estados estão envolvidos nas negociações porque possuem fabricantes de veículos beneficiados pelo acordo.
O acordo envolve a redução do
IPI (imposto federal), do ICMS
(imposto estadual) e descontos na
compra de carros novos. Ele foi sugerido pelos sindicatos de metalúrgicos de São Paulo e do ABC para reaquecer as vendas e impedir
demissões nas montadoras.
"O acordo está sendo feito em
três partes (governo federal, montadoras e governo estadual). Esperamos que o governo de Minas Gerais seja sensível às demandas dos
trabalhadores", disse ontem o secretário de Comércio e de Serviços
do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar.
Ele descartou a possibilidade de
Minas ficar fora do acordo, o que
inviabilizaria as vendas da Fiat,
instalada em Betim (MG).
O secretário disse que está sendo
negociado um desconto adicional
no IPI para compensar os automóveis adquiridos por revendedoras
com base nas alíquotas em vigor.
Esse desconto terá validade inferior ao prazo de 60 dias acordado
para a manutenção dos preços. A
idéia é permitir que as concessionárias compensem, com a redução
de preços, os gastos referentes às
atuais alíquotas do IPI.
Mattar disse que após os 60 dias o
governo não irá renovar o acordo
se houver queda na arrecadação de
impostos federais.
O secretário da Fazenda de Minas Gerais, Alexandre Dupeyrat,
disse que, na atual situação, o Estado só poderá reduzir a alíquota do
imposto se houver contrapartida
do governo federal para recompor
as perdas com a Lei Kandir que, de
acordo com ele, são de R$ 60 milhões mensais. A arrecadação
mensal de ICMS no Estado é de R$
480 milhões. ""Se esse acordo vier
num contexto global de recomposição, aí dá", disse Dupeyrat.
Minas está em moratória por 90
dias, desde o dia 1º de janeiro. O argumento do governo são as dificuldades de caixa. Os recursos só
seriam suficientes para cumprir os
compromissos domésticos.
Desde que Itamar Franco
(PMDB) assumiu o governo, o Estado não paga as dívidas com a
União e outros credores e deixou
de pagar também parte dos eurobônus que venceu na quarta-feira.
Por causa da inadimplência com a
União, o governo federal já reteve
quase R$ 80 milhões de repasses
que deveriam ser feitos a Minas.
O bloqueio dos recursos, de
acordo com o governo, complica
ainda mais o caixa do Estado, o que
pode inviabilizar o acordo que as
montadoras pleiteiam.
Proposta de usineiro
O setor sucro-alcooleiro propôs
ao Ministério do Desenvolvimento
fornecer gratuitamente mil litros
de álcool para cada veículo novo
movido a esse combustível que for
comprado.
Os usineiros querem incentivar a
produção desses veículos.
Colaborou a Agência
Folha, em Belo Horizonte
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