São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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COMÉRCIO VIRTUAL
Estimativas de faturamento feitas por especialistas revelam diferenças de milhões de dólares
Internet "cresce no escuro" no Brasil

FÁTIMA FERNANDES
ADRIANA MATTOS

da Reportagem Local

As previsões sobre o futuro da Internet, a grande estrela do momento no mundo dos negócios, estão mais apoiadas em entusiasmo do que em resultados concretos. Até agora tem sido uma festa, mas já existe quem assegure que não há espaço para tanta gente disputar esse mercado atraente.
Investidores vasculham o mundo atrás de projetos promissores, aplicam fortunas em idéias que ainda não foram testadas e pagam salários fabulosos para ter os melhores executivos da praça. Lucro, mesmo, a maioria ainda não viu.
É tudo uma aposta no futuro. Tanto que os investidores nem sabem direito quanto podem vender pela Internet neste ano. Cada um tem um palpite. A diferença sobre o tamanho do negócio chega a milhões de dólares.
A americanas.com, loja virtual da Lojas Americanas, prevê que o o comércio eletrônico no Brasil vai movimentar US$ 500 milhões neste ano. A aposta no negócio é tanta que a empresa, que tem por trás o grupo GP Investimentos, já se prepara para abrir o capital nos Estados Unidos e obter mais dinheiro para investir na Internet.
A empresa de consultoria Ernst & Young não está tão otimista assim. Considera que o comércio eletrônico no Brasil deve chegar a US$ 100 milhões neste ano -ou 20% do valor previsto pela americanas.com. A consultoria A. T. Kearney estima um número ainda menor: US$ 90 milhões.
"Há um exercício de futurologia", diz Marcelo Gomes, diretor corporativo de finanças da Ernst & Young. "As consultorias usam vários critérios para não se perderem nas contas", afirma.
As projeções para o comércio brasileiro na Internet são ainda mais distintas quando se prevêem números para daqui a três anos.
A americanas.com estima algo próximo a US$ 2 bilhões para 2003. A A. T. Kearney prevê US$ 800 milhões. O IDC (International Data Corporation), empresa de pesquisa internacional, acha que fica em US$ 2,7 bilhões.
As disparidades nas estimativas são naturais, dizem os envolvidos no mundo virtual, pois a Internet ainda é um negócio novo e, portanto, baseado em perspectivas.
Tanto que os números que envolvem o comércio virtual são reavaliados frequentemente pelos institutos de pesquisa, consultorias e empresas.
Entre todas as dúvidas que pairam sobre o futuro da Internet, o que mais preocupa os investidores é até quando ela crescerá e qual será seu tamanho no momento em que entrar na fase de estabilidade. Até 2005, pelo menos, os indicadores são de expansão. A partir daí é incógnita.
A Abranet, associação que reúne os provedores de acesso, já prevê redução no total de empresas. O número deve cair de 320 provedores em 1999 para 150 no final deste ano. Os líderes no mercado são UOL, Terra e PSINet.
Consultorias também falam em concentração no comércio eletrônico dentro de dois anos. Elas acreditam que não devem sobreviver mais do que quatro ou cinco empresas em cada área que o comércio virtual explora, como vendas de livros, CDs e serviços.
"Com certeza, a taxa de mortalidade será alta", afirma Bruno Zaremba, analista do Banco Pactual. "Os números que estão sendo projetados são altos demais", diz.
"Ter simplesmente um site não vale nada. A empresa vai ter de agregar valor para sobreviver", afirma Bruno Laskowsky, diretor da A. T. Kearney.
Para ele, é até possível prever um aumento de vendas de 100% a 150% ao ano nos próximos quatro ou cinco anos porque a base de comparação é pequena.


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