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COMÉRCIO VIRTUAL
Estimativas de faturamento feitas por especialistas revelam diferenças de milhões de dólares
Internet "cresce no escuro" no Brasil
FÁTIMA FERNANDES
ADRIANA MATTOS
da Reportagem Local
As previsões sobre o futuro da
Internet, a grande estrela do momento no mundo dos negócios,
estão mais apoiadas em entusiasmo do que em resultados concretos. Até agora tem sido uma festa,
mas já existe quem assegure que
não há espaço para tanta gente
disputar esse mercado atraente.
Investidores vasculham o mundo atrás de projetos promissores,
aplicam fortunas em idéias que
ainda não foram testadas e pagam
salários fabulosos para ter os melhores executivos da praça. Lucro,
mesmo, a maioria ainda não viu.
É tudo uma aposta no futuro.
Tanto que os investidores nem sabem direito quanto podem vender pela Internet neste ano. Cada
um tem um palpite. A diferença
sobre o tamanho do negócio chega a milhões de dólares.
A americanas.com, loja virtual
da Lojas Americanas, prevê que o
o comércio eletrônico no Brasil
vai movimentar US$ 500 milhões
neste ano. A aposta no negócio é
tanta que a empresa, que tem por
trás o grupo GP Investimentos, já
se prepara para abrir o capital nos
Estados Unidos e obter mais dinheiro para investir na Internet.
A empresa de consultoria Ernst
& Young não está tão otimista assim. Considera que o comércio
eletrônico no Brasil deve chegar a
US$ 100 milhões neste ano -ou
20% do valor previsto pela americanas.com. A consultoria A. T.
Kearney estima um número ainda menor: US$ 90 milhões.
"Há um exercício de futurologia", diz Marcelo Gomes, diretor
corporativo de finanças da Ernst
& Young. "As consultorias usam
vários critérios para não se perderem nas contas", afirma.
As projeções para o comércio
brasileiro na Internet são ainda
mais distintas quando se prevêem
números para daqui a três anos.
A americanas.com estima algo
próximo a US$ 2 bilhões para
2003. A A. T. Kearney prevê US$
800 milhões. O IDC (International Data Corporation), empresa
de pesquisa internacional, acha
que fica em US$ 2,7 bilhões.
As disparidades nas estimativas
são naturais, dizem os envolvidos
no mundo virtual, pois a Internet
ainda é um negócio novo e, portanto, baseado em perspectivas.
Tanto que os números que envolvem o comércio virtual são
reavaliados frequentemente pelos
institutos de pesquisa, consultorias e empresas.
Entre todas as dúvidas que pairam sobre o futuro da Internet, o
que mais preocupa os investidores é até quando ela crescerá e
qual será seu tamanho no momento em que entrar na fase de
estabilidade. Até 2005, pelo menos, os indicadores são de expansão. A partir daí é incógnita.
A Abranet, associação que reúne os provedores de acesso, já
prevê redução no total de empresas. O número deve cair de 320
provedores em 1999 para 150 no
final deste ano. Os líderes no mercado são UOL, Terra e PSINet.
Consultorias também falam em
concentração no comércio eletrônico dentro de dois anos. Elas
acreditam que não devem sobreviver mais do que quatro ou cinco
empresas em cada área que o comércio virtual explora, como vendas de livros, CDs e serviços.
"Com certeza, a taxa de mortalidade será alta", afirma Bruno Zaremba, analista do Banco Pactual.
"Os números que estão sendo
projetados são altos demais", diz.
"Ter simplesmente um site não
vale nada. A empresa vai ter de
agregar valor para sobreviver",
afirma Bruno Laskowsky, diretor
da A. T. Kearney.
Para ele, é até possível prever
um aumento de vendas de 100% a
150% ao ano nos próximos quatro
ou cinco anos porque a base de
comparação é pequena.
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