São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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FINANÇAS

Ingressos, tanto domésticos como externos, superam saques em US$ 3,1 bi em janeiro, diz pesquisa da Thomson

Brasil lidera captação de fundos de investimento na AL

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de fundos de investimento no Brasil voltou a assumir a liderança na captação de recursos na América Latina, em janeiro passado. Os investimentos totais, tanto domésticos quanto externos, atraídos pelos fundos brasileiros superaram os saques em US$ 3,1 bilhões, segundo uma pesquisa da consultoria Thomson Financial Invest Tracker.
Esse saldo foi aproximadamente oito vezes maior que a captação líquida dos fundos mexicanos, cujos depósitos superaram os saques em US$ 381 milhões.
Foi a primeira vez, desde agosto passado, quando a pesquisa começou a ser feita, que o Brasil foi líder na captação de recursos na região.
Segundo Henrique Garcia, vice-presidente da Thomson Financial, esse resultado indica que os efeitos mais sérios das crises que afetaram o Brasil no ano passado foram superados.
"Acho que a tendência é que, passados os piores efeitos da crise argentina, o Brasil tenha um desempenho melhor em 2002 do que no ano passado", afirmou Garcia.
Em 2001, a indústria de fundos brasileira havia registrado um saldo líquido negativo de US$ 88,7 milhões -resultado muito aquém da captação positiva de US$ 8 bilhões conseguida pelos fundos mexicanos.

Estrangeiros
Além da melhora de perspectivas para a economia brasileira, o movimento de janeiro também reflete o retorno de recursos que normalmente saem dos fundos de investimento no fim do ano.
"Essa recuperação de janeiro normalmente é sazonal, porque em dezembro há um movimento grande de saques", diz Garcia.
Apesar da recuperação no desempenho dos fundos brasileiros em comparação ao resto da América Latina, ainda é cedo para saber se os investimentos externos estão voltando ao país.
"A maior parte desses recursos é de investidores domésticos. Não dá para dizer se o Brasil está atraindo mais recursos externos que os outros países", diz Jorge Simino, diretor da Unibanco Asset Management.
Simino acredita que os investidores estrangeiros tenham voltado a se aproximar do Brasil em fevereiro passado. "Isso foi consequência da maior tranquilidade no mercado doméstico." De acordo com ele, no entanto, ainda é cedo para afirmar se essa tendência vai se manter nos próximos meses.
Os fundos de previdência já estão atraindo recursos em ritmo mais acelerado que os demais tipos de aplicação no Brasil. Em janeiro, a captação dos fundos de previdência aumentou 4,79% em relação ao mês anterior. Percentual maior que o registrado pelos tradicionais fundos de renda fixa, cuja captação cresceu 3,13%. "Os fundos de previdência estão ficando mais acessíveis para um número maior de brasileiros", diz Garcia, da Thomson Financial Invest Tracker.

Argentina
A sangria de investimentos dos fundos argentinos continuou em janeiro passado. No total, os saques feitos nos fundos do país superaram em US$ 881,4 os ingressos de recursos. Em 2001, a indústria de fundos do país já havia registrado captação líquida negativa de US$ 4,77 bilhões.



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