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Empresários criticam modelo e pedem meta de inflação mais frouxa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ter reclamado das remarcações de preços e defendido
a política econômica, boa parte do
Conselhão explicitou suas críticas
ao modelo adotado pela Fazenda,
em particular ao regime de metas
de inflação. Alguns conselheiros,
porém, defenderam o governo.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Horacio Lafer Piva,
contestou a meta de inflação definida para este ano. "Não quero
discutir o regime de metas de inflação, mas a meta de 5,5% [para o
IPCA deste ano]. Seria uma discussão muito útil para todos, se
avaliássemos se esse patamar é
adequado", afirmou.
O deputado Armando Monteiro (PTB-PE), presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), defendeu que o Banco
Central aproveite a margem de
2,5 pontos percentuais para a inflação. "A meta tem uma banda. É
preciso haver flexibilidade."
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, adotou um
tom mais agressivo: "Sem mudança da política econômica, não
é possível".
As críticas à meta de inflação
chegaram à entrevista coletiva
promovida para anunciar diretrizes e medidas da política industrial. Dois dos três representantes
dos conselheiros presentes defenderam a mudança do regime.
"O que é preciso é haver uma
meta de desenvolvimento e ver se
a meta de inflação é compatível",
disse Sônia Fleury, professora da
Fundação Getúlio Vargas, que no
mesmo momento classificou de
"incompatível" com o desenvolvimento desejado a meta de 5,5%
para o IPCA.
"É muito bom viver sem inflação, mas essa não deve ser a principal meta do governo. O combate à inflação foi a principal meta
do governo anterior", reforçou
Pedro Oliveira, conselheiro que
representa as Comunidades Eclesiais de Base.
Ao lado de ambos na entrevista,
o ministro Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento) foi instado a
comentar as declarações. "Eu não
concordo", respondeu.
Entre os defensores da meta, o
mais enfático foi o presidente da
Firjan (Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro),
Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.
"Eu viro bicho se um colega defende isso [mudar a meta]."
"Com inflação não se brinca",
afirmou Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau.
Quanto às remarcações de preços, muitos culparam o próprio
governo. "Os aumentos têm muito a ver com a elevação da Cofins
[Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social]",
disse Josmar Verillo, presidente
da Alcoa na América Latina.
Visão do mercado
O discurso de Lula foi recebido
com bons olhos por analistas do
mercado financeiro. Para Octavio
de Barros, economista-chefe do
Bradesco, "houve uma reafirmação do compromisso com o que
tem sido feito nas áreas monetária
e fiscal".
Roberto Padovani, da consultoria Tendências, disse que a posição do presidente ajuda a fortificar a confiança na política econômica. "Isso tranqüiliza o mercado", afirmou.
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