São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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Empresários criticam modelo e pedem meta de inflação mais frouxa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter reclamado das remarcações de preços e defendido a política econômica, boa parte do Conselhão explicitou suas críticas ao modelo adotado pela Fazenda, em particular ao regime de metas de inflação. Alguns conselheiros, porém, defenderam o governo.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, contestou a meta de inflação definida para este ano. "Não quero discutir o regime de metas de inflação, mas a meta de 5,5% [para o IPCA deste ano]. Seria uma discussão muito útil para todos, se avaliássemos se esse patamar é adequado", afirmou.
O deputado Armando Monteiro (PTB-PE), presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), defendeu que o Banco Central aproveite a margem de 2,5 pontos percentuais para a inflação. "A meta tem uma banda. É preciso haver flexibilidade."
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, adotou um tom mais agressivo: "Sem mudança da política econômica, não é possível".
As críticas à meta de inflação chegaram à entrevista coletiva promovida para anunciar diretrizes e medidas da política industrial. Dois dos três representantes dos conselheiros presentes defenderam a mudança do regime.
"O que é preciso é haver uma meta de desenvolvimento e ver se a meta de inflação é compatível", disse Sônia Fleury, professora da Fundação Getúlio Vargas, que no mesmo momento classificou de "incompatível" com o desenvolvimento desejado a meta de 5,5% para o IPCA.
"É muito bom viver sem inflação, mas essa não deve ser a principal meta do governo. O combate à inflação foi a principal meta do governo anterior", reforçou Pedro Oliveira, conselheiro que representa as Comunidades Eclesiais de Base.
Ao lado de ambos na entrevista, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) foi instado a comentar as declarações. "Eu não concordo", respondeu.
Entre os defensores da meta, o mais enfático foi o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. "Eu viro bicho se um colega defende isso [mudar a meta]."
"Com inflação não se brinca", afirmou Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau.
Quanto às remarcações de preços, muitos culparam o próprio governo. "Os aumentos têm muito a ver com a elevação da Cofins [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social]", disse Josmar Verillo, presidente da Alcoa na América Latina.

Visão do mercado
O discurso de Lula foi recebido com bons olhos por analistas do mercado financeiro. Para Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, "houve uma reafirmação do compromisso com o que tem sido feito nas áreas monetária e fiscal".
Roberto Padovani, da consultoria Tendências, disse que a posição do presidente ajuda a fortificar a confiança na política econômica. "Isso tranqüiliza o mercado", afirmou.


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