KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pauta do evento era política industrial. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a reunião de ontem do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para dar novo recado ao mercado e aos críticos de Antonio Palocci Filho de que continua a bancar a política econômica do ministro da Fazenda.
Contrariado com o "fogo amigo" contra a política econômica, Lula fez um discurso de improviso no qual deixou claro que sua prioridade é o crescimento econômico, mas sem abrir mão do controle da inflação e da meta de 5,50% ao ano (pelo IPCA), um dos pilares da política monetária.
Depois de conversar anteontem com Palocci, que se queixou do "fogo amigo", Lula se sentiu obrigado a fazer um gesto para demonstrar a força do ministro. As críticas a ele ressurgiram fortemente após o desgaste do ministro José Dirceu (Casa Civil) com o caso Waldomiro Diniz e a recente notícia da queda de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003.
Dirceu, que manteve em 2003 discreta discordância de Palocci nos debates internos, viu a oportunidade de empurrar um pouco da crise para o colega da Fazenda. Seus aliados dispararam contra Palocci e ministros aliados dele.
Com a movimentação de Dirceu, antigos críticos de Palocci -no governo, no PT e no empresariado- avaliaram que estava se criando um caldo de cultura favorável às pressões por mudanças na política econômica. Lula, porém, saiu em socorro de Palocci.
Por último, chama atenção a necessidade de o presidente recorrentemente vir a público defender Palocci. O discurso de ontem foi o mais incisivo em seus 14 meses de poder. Mas, um mês atrás, Lula fez defesa semelhante em jantar com jornalistas. Em 2003, defesas assim se repetiram.
Isso é sinal de que outras tentativas de minar Palocci virão. Por enquanto todas elas foram infrutíferas. Quem transita nos bastidores do governo avalia que continuarão a ter o mesmo resultado.


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