São Paulo, sábado, 12 de março de 2005

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Alencar rejeita intervenção e fala em solução de mercado para Varig

ANA PAULA GRABOIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após admitir anteontem a possibilidade de intervenção do governo na Varig, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, voltou atrás ontem e disse que o governo busca uma "solução de mercado" para a empresa aérea, como defendera o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A Varig tem uma dívida de R$ 9 bilhões.
"O Estado não deseja fazer nenhuma intervenção. O que o Estado deseja é uma solução de mercado, buscada através de entendimentos negociais da empresa com candidatos a operá-la", disse Alencar ontem, após proferir uma aula magna na Escola do Estado Maior do Exército.
O vice-presidente afirmou ainda que o governo "abençoaria" uma solução feita entre empresas privadas, mas que isso não significaria necessariamente uma ajuda financeira por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Um dos interessados pela Varig é o grupo português Pestana, do setor hoteleiro, que pode adquirir até 20% de seu capital.
Ele afirmou ainda que nenhuma ação do governo poderia privilegiar uma única empresa. "Quando o governo oferece tratamento diferenciado a uma empresa, isso é motivo de crítica porque ele não pode fazer isso. Ou somos uma economia de mercado ou não somos. E o Brasil é uma economia de mercado. As decisões devem ser empresarias, e não paternalistas", disse ele.
Do total da dívida da Varig, cerca de dois terços são com o governo. A empresa negocia um abatimento da dívida com a União e tem com o apoio de Alencar. A Varig ganhou no STJ (Superior Tribunal de Justiça) o direito de receber da União cerca de R$ 3 bilhões referentes a perdas com o congelamento de preços de passagens entre 1985 e 1992. A AGU (Advocacia Geral da União), obrigada juridicamente a recorrer da decisão, é resistente ao acordo.
Ontem, a Varig divulgou uma nota de repúdio ao pedido de intervenção federal feito anteontem por parlamentares gaúchos a Alencar. A empresa considera o pedido "incompreensível" porque "vem honrando seus compromissos, alcançando índices operacionais entre os melhores da indústria e trabalhando com todo empenho na busca de uma solução definitiva para a companhia".


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