São Paulo, sábado, 12 de março de 2005

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FINANÇAS

Entre dias 3 e 9 de março, entraram US$ 498 mi

Fundos com dívida de emergentes têm melhor semana desde 2001

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos que detêm títulos da dívida de países emergentes tiveram a melhor semana em quatro anos. A afirmação é da Emerging Portfolio, uma consultoria que monitora a movimentação de fundos de ações e de dívidas públicas com uma carteira total estimada em US$ 3 trilhões.
De acordo com a consultoria americana, houve uma entrada de fluxos de US$ 498 milhões para os emergentes na semana terminada em 9 de março. "Os fundos com aplicações em mercados emergentes têm registrado toda a sorte de recordes de entrada de recursos ultimamente. Essa semana foi a vez dos fundos com aplicações em títulos da dívida. Quando o nosso monitoramento semanal começou, em 2001, o influxo semanal era de somente US$ 393 milhões", disse Brad Durham, diretor da Emerging Porftolio.
Na avaliação de Durham, há a possibilidade de essa ter sido a melhor semana desde 1995, mas, à época, a consultoria fazia um controle com base mensal.
A maior parte dos fluxos registrados nessa semana se destinou para os emergentes europeus. Pelo menos dois entre os três fundos com grandes alocações de recursos na semana foram aqueles com investimentos em títulos da dívida denominados em moeda local. Isso parece corroborar a tendência dos investidores de procurar se afastar de papéis denominados em dólar.

"Default" de títulos
Apesar de o apetite dos investidores ser guiado pelo interesse por retornos mais elevados, as avaliações concedidas pelas agências de risco também pesam.
Em relatório anual divulgado ontem, a agência de risco Standard & Poor's quantificou estatisticamente as chances de um país considerado "investment grade" decretar moratória em relação a um país na categoria de "grau especulativo".
Segundo o estudo, ao longo das últimas três décadas, em média, 1,6% dos países "investment grade" mapeados pela agência deram o calote de sua dívida. Entre os países em "grau especulativo", 33% decretaram moratória.
"Apesar de a amostra de "ratings" [notas de crédito] ser pequena, o estudo demonstra a capacidade de previsão das nossa avaliações", disse John Chambers, diretor do Grupo de "Ratings" Soberanos da S&P.
Entre os países em "grau de investimento" que decretaram moratória está o Uruguai. Em janeiro de 2002, o país foi avaliado com a nota "BBB-", nível inicial de "investment grade". Em maio de 2003, decretou moratória. No caso da Argentina, que decretou moratória em 2001, entre a data de sua melhor avaliação ("BB") e a data do "default" transcorreram 372 dias. "Os "ratings" soberanos tornam-se progressivamente mais estáveis nos níveis mais altos", diz a S&P.
O estudo avalia a incidência de moratórias em títulos governamentais de 107 países entre os anos de 1975 e 2004.


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