São Paulo, sábado, 12 de março de 2005

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Comércio com AL tem pouco peso

DE PEQUIM

Mesmo com o crescimento espetacular dos últimos quatro anos, as transações comerciais entre América Latina e China têm um peso pequeno no total de exportações e importações do país asiático.
Em 2004, os produtos latino-americanos representaram apenas 3,9% das compras feitas pelos chineses em todo o mundo. O percentual só é maior que os registrados pela Oceania e África: 2,4% e 2,8%, respectivamente.
"A China, na condição de principal potência ascendente do mundo, tem o objetivo de estar presente em todos os lugares", observa o embaixador do Brasil em Pequim, Luiz Augusto de Castro Neves.
A maior parte das relações comerciais da China se concentra em seus vizinhos. Dos US$ 561,4 bilhões importados pelo país em 2004, 65,8% vieram da Ásia. Em seguida, aparecem Europa (15,9%), América do Norte (9,3%), América Latina (3,9%), África (2,8%) e Oceania (2,4%).
A proporção muda quando se analisam as exportações chinesas, que somaram US$ 593,4 bilhões em 2004, valor superior ao do PIB brasileiro. O maior parceiro continua a ser a Ásia, com 49,8% do total. Mas a América do Norte sobe para o segundo lugar, com 22,5%, de acordo com dados chineses. No restante do ranking aparecem Europa (20,6%), América Latina (3,1%), África (2,3%) e Oceania (1,7%).

Perspectiva latino-americana
Mas, quando olhado da perspectiva dos países latino-americanos, o peso da China é maior. A soma das importações e exportações entre o país asiático e o Brasil no ano passado foi de US$ 9,15 bilhões, segundo cálculo do lado brasileiro, e US$ 12,3 bilhões, pelas contas chinesas. A discrepância é decorrente de diferentes metodologias para considerar valores e datas de embarques.
Considerado o número brasileiro, o comércio bilateral ficou em terceiro lugar, atrás de Estados Unidos e Argentina, e representou 5,7% do total. No caso do Chile, as exportações para a China somaram 9,0% do total.
Apesar da crescente proximidade dos chineses com vários países da América Latina, o embaixador Castro Neves afirma que o Brasil é o mais importante parceiro estratégico da China na região.
As estatísticas chinesas mostram que, entre os latino-americanos, o Brasil foi o principal fornecedor da China em 2004, com US$ 8,7 bilhões, ou 4,0% do total de importações do país.
A China é o principal destino das exportações brasileiras de soja, com vendas de 6 milhões de toneladas em 2004. Também é o maior comprador da Vale do Rio Doce, que está prestes a começar a construção de uma siderúrgica no Maranhão em parceria com a Baosteel, líder na produção de aço na China. O investimento é estimado em US$ 2 bilhões.
A Companhia Vale do Rio Doce negocia ainda investimento conjunto no Brasil com Chalco (Aluminum Corporation of China), para transformação de bauxita em alumínio.
(CLÁUDIA TREVISAN)


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