São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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Fed libera até US$ 200 bi e anima Bolsas

Mercados americanos têm a maior alta em mais de 5 anos, após ação conjunta para aumentar liquidez e aliviar aperto no crédito

BC dos EUA fará leilões de até US$ 200 bi em que aceitará ativos "subprime" como garantia por títulos do Tesouro norte-americano

Martin Oeser/France Presse
Pregão da Bolsa de Valores de Frankfurt (Alemanha); novo pacote de estímulo reduziu perdas recentes nos mercados globais

DA REDAÇÃO

O Fed (Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos), em ação conjunta com outros bancos centrais, anunciou mais uma série de medidas para injetar liquidez nos mercados financeiros e aliviar o aperto no crédito. A decisão animou as Bolsas, especialmente as norte-americanas, que tiveram a sua maior alta em mais de cinco anos.
O programa do BC americano prevê leilões semanais para instituições financeiras de até US$ 200 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, e aceitará como garantia até os arriscados títulos lastreados em hipotecas "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento), que são a origem da crise atual.
Pelo programa, os bancos poderão oferecer esses títulos arriscados, evitados pelos investidores, em troca de dinheiro ou de títulos do Tesouro americano, seguros e facilmente negociados. O prazo de vigência desses empréstimos será estendido para 28 dias -a duração até então era de algumas poucas horas. O primeiro leilão está marcado para o próximo dia 27.
Depois de três pregões seguidos de baixa, o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, subiu 3,55% (ou 416,66 pontos) -o maior aumento em pontos desde 29 de julho de 2002 e, em percentual, desde 17 de março do ano seguinte.
O dia também foi positivo para a Nasdaq (de empresas de tecnologia), que teve a maior alta em cinco anos (3,98%), e para o S&P 500, que subiu 3,71% -a maior em quase seis anos. Os índices, porém, continuam no negativo no ano. No Brasil, a Bovespa subiu 3,95%.
Mesmo com os últimos cortes na taxa de juros básica pelo Fed, os bancos continuam dificultando os empréstimos para consumidores e empresas.
Com as medidas de ontem, o banco central dos EUA espera facilitar os empréstimos, o que ajudaria a movimentar a economia do país. Desde setembro de 2007, o Fed já reduziu em 2,25 pontos percentuais, para 3%, os juros básicos. A sua próxima reunião está marcada para a semana que vem.
As ações de ontem indicam que o Fed está preocupado com a fuga dos investidores dos títulos hipotecários, o que pode aumentar os problemas no mercado imobiliário e a desaceleração da economia -em um momento em que os EUA tentam evitar uma recessão, que seria a primeira em sete anos.
Funcionários do Fed dizem acreditar que bancos que podem recorrer aos empréstimos, como Goldman Sachs, Bear Stearns e Merrill Lynch, vão emprestar, em troca de dinheiro, os títulos do Tesouro para outras instituições, o que melhoraria suas contas.
O Fed também aumentou o valor disponível numa linha de crédito para que bancos centrais estrangeiros possam usá-la em empréstimos para instituições de seus países. Para o BCE (Banco Central Europeu), o montante passou de US$ 20 bilhões para US$ 30 bilhões. O aumento para o BC suíço foi de US$ 2 bilhões para US$ 6 bilhões. O Banco da Inglaterra (o banco central britânico) e o BC canadense também realizarão leilões nos próximos dias.
Foi a segunda vez nos últimos três meses em que esses bancos centrais realizam ações coordenadas para aliviar o aperto no crédito financeiro.
Em dezembro, essas entidades anunciaram medidas, como a realização de leilões, para elevar o volume de dinheiro que emprestam a bancos.
Mas o aperto financeiro segue, com rumores de dificuldades graves em bancos importantes como o Bear Stearns e a divulgação de dados apontando para uma recessão na maior economia global.
E, embora a alta das Bolsas possa ser interpretada como um tentativo voto de confiança no Fed, os analistas mantêm a cautela: "A ação do Fed nos traz de volta aonde estávamos há três dias. Temos ainda muito a percorrer", disse David Kovacs, da Turner Investment.


Com agências internacionais

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