São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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Mercado vê concorrência diminuir no leilão da Cesp

Sem estatais, expectativa é que haja só 2 consórcios

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A retirada de empresas estatais da competição e a desistência de grupos estrangeiros e nacionais no leilão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) decepcionaram ontem o mercado financeiro, que viu diminuir a concorrência pela geradora paulista. Dos 13 interessados, só 5 enviaram os documentos para seguir na disputa.
A expectativa agora é que só dois consórcios sejam formados para disputar a companhia, cujo controle vai a leilão no próximo dia 26, pelo preço mínimo de R$ 6,6 bilhões.
Pela primeira vez, analistas cogitaram a possibilidade de formação de apenas um consórcio, que incluiria antigas rivais como a CPFL Energia, distribuidora de eletricidade no interior de São Paulo, e a Suez/ Tractebel, dona da Gerasul, a maior geradora privada do país.
Sem estatais como Cemig, Copel e Eletrobrás, os grupos interessados teriam perdido a "cola" institucional para a formação de mais consórcios.
Com uma disputa menor, deve diminuir também o ágio sobre o preço mínimo e, conseqüentemente, o prêmio oferecido aos acionistas minoritários que também quiserem vender suas ações. Em dia de alta de 3,95% da Bovespa, os papéis PNB da Cesp caíram 3,45%, a R$ 44,80. No leilão, a ação sairá por R$ 49,75.
O analista Fernando Abdalla, do Unibanco, é um dos mais pessimistas em relação ao leilão. Abdalla acredita que apenas um consórcio seja formado, com a participação de Suez/ Tractebel e CPFL. "Temos insistido na possibilidade de um consórcio único formado por Tractebel, Neoenergia e CPFL Energia. Na nossa opinião, esse cenário é compatível com o interesse comum das empresas. Enfraqueceria a competição, tornando improvável um prêmio sobre o preço mínimo da Cesp, diminuindo os aportes necessários para comprar a companhia", disse Abdalla.
Para Marco Franklin, da Paraty Investimentos, o fato de só cinco empresas continuarem na disputa não significa um interesse menor pela Cesp. Isso porque empresas como Cemig, Light, Enel/Endesa, que não entregaram a documentação, podem se associar como minoritárias nos consórcios. "Quando se olha o leilão do Rodoanel, vemos que há compradores para ativos brasileiros mesmo com essas taxas de desconto. Se isso se replicar na Cesp, será um sucesso. No limite, podemos ter até cinco consórcios. Ver diminuição da concorrência é uma conclusão simplista."
Procuradas pela Folha, a CPFL Energia e a Suez/Tractebel não se pronunciaram.


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