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análise
Redução do juro demorará a fazer efeito
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem ameaças inflacionárias no horizonte, os especialistas esperam que nos próximos meses o Banco Central
continue reduzindo firmemente a taxa básica de juros
da economia brasileira de
forma que ela fique abaixo
dos 10% até o final do ano.
Os analistas do mercado financeiro, que até a semana
passada apostavam no corte
de 1 ponto percentual, elevaram suas previsões para 1,5
ponto anteontem, quando
foi divulgado que o PIB (Produto Interno Bruto) do país
caiu 3,6% no quatro trimestre de 2008.
"Acho que a redução da Selic deveria ser maior, mas a
unanimidade da decisão
mostra que os membros do
Copom estão mais perto da
realidade", diz Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono Asset Management.
Apesar de esperada pelo
mercado financeiro, a aceleração na redução dos juros
pelo BC não deve reverter o
quadro recessivo que se desenha neste início de 2009.
"Ajuda a animar o mercado. No entanto não faz efeito
imediato; medidas de política monetária demoram alguns meses para serem sentidas", diz Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios.
Para Paulo Rabello de Castro, presidente da RC Consultores, "o BC foi bem mais
corajoso do que de hábito,
porém a sua atitude será insuficiente para resgatar a
economia da morte súbita".
Segundo a diretora de renda fixa do Banco Espírito
Santo (BES), em Portugal,
"as forças da recessão são
muito maiores que o efeito
da queda dos juros. No mundo todo, foi feita a maior redução de juros, mas mal se
conseguiu conter a aversão
ao risco", argumenta. O medo de calotes generalizados e
o "ciclo vicioso" que a percepção de mais risco gera,
diz, "tiram a maior parte da
eficácia em cortar os juros".
Na opinião do economista--chefe do banco JPMorgan,
Fábio Akira, o impacto desse
corte maior agora em março
será menor do que se o BC tivesse iniciado a redução dos
juros em dezembro de 2008,
como era esperado.
Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores,
ressalta que os resultados da
produção industrial em janeiro, a retração da atividade
no último trimestre do ano
passado e o quadro internacional ainda turbulento "deixaram claro para o BC que o
risco maior, hoje, é de recessão, e não de inflação".
Rabello de Castro discorda. "Sou crítico da timidez do
BC em reduzir a Selic em
2006 e 2007, porém vejo
que, a partir da explosão desta crise, teve atuação austera
e adequada diante do perigo
de a alta do dólar ser repassada para os preços." Isso ainda
pode acontecer, de acordo
com a sua avaliação.
(DENYSE GODOY, FABRICIO VIEIRA e SHEILA D'AMORIM)
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