São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

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MONTADORAS
Empresa quer flexibilizar jornada para evitar dispensa de 830
Metalúrgicos rejeitam proposta da Ford no ABC

CLAUDIA VARELLA
da Agência Folha, no ABCD

Metalúrgicos da Ford em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) rejeitaram ontem a proposta da empresa para evitar a demissão de 830 funcionários.
A decisão foi tomada por volta das 17h30, em assembléia única na porta da unidade em São Bernardo, com a presença da maioria dos 6.900 funcionários da montadora.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Luiz Marinho, 38, disse não acreditar que, com a decisão, a montadora comece a demitir os funcionários em excesso.
Ele também descartou a possibilidade de as negociações com a empresa serem reabertas.
"A empresa tem a alternativa de trabalhar dentro da jornada mínima atual de 38 horas semanais", afirmou.
"Se houver demissão, a categoria irá se mobilizar para protestar", disse o coordenador da comissão de fábrica, Rafael Marques da Silva Jr., 33.
"Podemos até parar a fábrica com uma greve", disse.
Rejeitada ontem, a proposta havia sido fechada entre a Ford, o sindicato e a comissão de fábrica no início da semana. As negociações começaram em janeiro passado.
Além da ampliação da jornada flexível de trabalho (da faixa de 38 a 44 horas semanais para a de 36 a 46 horas semanais), a proposta previa ainda mudança na grade horário dos funcionários e a redução de dez minutos no tempo das refeições, que hoje é de 60 minutos.
A Ford havia dado ainda estabilidade de emprego a todos os funcionários até janeiro de 99.
A empresa havia também se comprometido a negociar com o sindicato uma possível suspensão das férias coletivas de dez dias, marcadas para abril, caso a proposta fosse aprovada pelos funcionários.
O adicional noturno também não seria reduzido, mesmo com uma redução de jornada, até o final do ano, garantia a proposta da empresa.
A maioria dos pontos da proposta foi vaiada pelos metalúrgicos presentes à assembléia.
Se aprovadas, as medidas entrariam em vigor a partir do dia 30 de março e atingiriam basicamente os 6.250 metalúrgicos ligados ao setor de produção.
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem a direção da Ford para comentar a decisão da assembléia dos funcionários.



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