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MONTADORAS
Empresa quer flexibilizar jornada para evitar dispensa de 830
Metalúrgicos rejeitam
proposta da Ford no ABC
CLAUDIA VARELLA
da Agência Folha, no ABCD
Metalúrgicos da Ford em São
Bernardo do Campo (Grande São
Paulo) rejeitaram ontem a proposta da empresa para evitar a demissão de 830 funcionários.
A decisão foi tomada por volta
das 17h30, em assembléia única na
porta da unidade em São Bernardo, com a presença da maioria dos
6.900 funcionários da montadora.
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC (filiado à
CUT), Luiz Marinho, 38, disse não
acreditar que, com a decisão, a
montadora comece a demitir os
funcionários em excesso.
Ele também descartou a possibilidade de as negociações com a
empresa serem reabertas.
"A empresa tem a alternativa de
trabalhar dentro da jornada mínima atual de 38 horas semanais",
afirmou.
"Se houver demissão, a categoria
irá se mobilizar para protestar",
disse o coordenador da comissão
de fábrica, Rafael Marques da Silva Jr., 33.
"Podemos até parar a fábrica
com uma greve", disse.
Rejeitada ontem, a proposta havia sido fechada entre a Ford, o
sindicato e a comissão de fábrica
no início da semana. As negociações começaram em janeiro passado.
Além da ampliação da jornada
flexível de trabalho (da faixa de 38
a 44 horas semanais para a de 36 a
46 horas semanais), a proposta
previa ainda mudança na grade
horário dos funcionários e a redução de dez minutos no tempo das
refeições, que hoje é de 60 minutos.
A Ford havia dado ainda estabilidade de emprego a todos os funcionários até janeiro de 99.
A empresa havia também se
comprometido a negociar com o
sindicato uma possível suspensão
das férias coletivas de dez dias,
marcadas para abril, caso a proposta fosse aprovada pelos funcionários.
O adicional noturno também
não seria reduzido, mesmo com
uma redução de jornada, até o final do ano, garantia a proposta da
empresa.
A maioria dos pontos da proposta foi vaiada pelos metalúrgicos
presentes à assembléia.
Se aprovadas, as medidas entrariam em vigor a partir do dia 30 de
março e atingiriam basicamente
os 6.250 metalúrgicos ligados ao
setor de produção.
A Agência Folha não conseguiu
localizar ontem a direção da Ford
para comentar a decisão da assembléia dos funcionários.
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