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Economia global deve crescer 4,9%, estima Fundo
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
A economia mundial deve
crescer 4,9% neste ano num
ambiente de riscos menores
que os identificados há seis meses, prevê o FMI. Para 2008, o
Fundo prevê mais 4,9%.
Se as previsões do Fundo estiverem certas, 2008 será o sexto ano consecutivo de crescimento ao redor de 5% -feito
inédito desde o início dos anos
1970. O FMI estima em 20% as
chances de a economia global
crescer abaixo de 4% em 2008.
A previsão para o biênio
2007-08, porém, é inferior aos
5,4% registrados em 2006. Sobretudo por um desaquecimento além do esperado nos
EUA. O FMI revisou de 2,9%
para 2,2% a previsão de desempenho da maior economia do
mundo neste ano. Em 2008, o
crescimento dos EUA voltaria
ao patamar de 2,8%.
O Fundo destaca que o cenário que tendia para o negativo
em 2006 está desanuviando.
Mais: o crescimento atual é homogêneo em várias partes do
mundo, a inflação está sob controle e há melhora significativa
nos fundamentos macroeconômicos de vários países.
"Apesar dos altos e baixos recentes no mercado financeiro,
a economia global deve ter mais
um bom ano em 2007. Os riscos
também são menos ameaçadores do que pareciam em setembro", afirmou Simon Johnson,
economista-chefe do FMI.
Ele comparou as recentes
turbulências do mercado aos
abanos da cauda de um cão. "A
economia mundial e seus fundamentos hoje sólidos são o
corpo do cachorro. Com isso
firme, é difícil que o movimento do rabo provoque grandes
estragos." Para ele, a instabilidade foi "uma limitada e bastante temporária fuga de ativos
mais arriscados, especialmente
nos mercados emergentes, depois de um longo período de valorização".
"Os mercados já se recuperaram. Acreditamos que os sólidos fundamentos macroeconômicos servirão mais como âncora contra o nervosismo. E
não que as turbulências afetem
o cenário econômico atual",
disse Johnson.
A economia européia deve
crescer 2,3% neste ano, assim
como a japonesa. Na Ásia emergente, 8,8% -com a China ainda crescendo 10%, na previsão
do Fundo. Na América Latina, a
previsão para 2007 é de 4,9%.
Na Rússia, 6,4%.
Em 2006, os EUA foram responsáveis por 19,7% do crescimento global. A China, por
15,1%; a União Européia, por
14,7%. O Brasil, por 2,6%.
Como os EUA cresceram
3,4% em 2006, seu impulso na
economia global deve cair neste ano, com Ásia e Europa ganhando maior relevância.
Inflação e EUA
O relatório "Panorama da
Economia Mundial" do FMI
diz que as pressões inflacionárias identificadas em vários
países até o ano passado também diminuíram.
Mas os EUA continuam sendo a grande incógnita. O FMI
lembra que a inflação acumulada em 12 meses no país ainda
está acima do alvo perseguido
pelo Fed (o BC americano) e
que a produtividade cresce em
ritmo menor -o que pode trazer custos e preços maiores.
Em fevereiro, o "core" (núcleo, que exclui energia e alimentos) da inflação americana
estava em 2,7%, abaixo dos
2,9% de setembro.
O mercado de financiamentos imobiliários de alto risco
["subprime"] dos EUA também
preocupa desde que a inadimplência bateu em 13,3% no final
de 2006. Os "estoques" de moradias novas também são os
maiores em 15 anos.
Nos EUA, o mercado imobiliário é uma grande fonte de financiamento, já que os americanos recorrem a hipotecas para levantar crédito. Quando o
mercado cai, a tendência é que
o consumo também caia, com
reflexos globais. Individualmente, os EUA absorvem 20%
da importação mundial.
"Se os EUA espirram, o resto
do mundo pega um resfriado?
Em nossa visão, se é que os
EUA espirraram, foi um espirro
muito fraco", disse Johnson.
Ele prevê que a solidez e os
altos lucros recentes das empresas americanas gerem um
novo ciclo de investimentos no
país, puxando o crescimento.
(FCZ)
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