São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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DIA DE ALÍVIO

Ministro faz análise otimista da economia para deputados do PT

Trajetória de queda dos juros não muda, afirma Palocci

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse ontem em reuniões com deputados petistas que o governo federal continuará a diminuir a taxa básica de juros, apesar de o mercado já prever alta da Selic (hoje em 16% ao ano). Na próxima semana, o Banco Central define como fica a taxa de juros para os 30 dias seguintes.
A Folha apurou que Palocci disse que a atual turbulência financeira internacional "não afetará tanto o Brasil" e que a única coisa que o governo julga surpreendente e inesperada é a alta do preço do petróleo no mercado externo.
Respondendo a um temor dos membros do PT, disse que não há margem de manobra para o governo negociar um salário mínimo superior a R$ 260. Ou seja, não vai negociar duro com a Câmara e ceder no Senado, onde a base do governo é mais frágil.
Palocci afirmou que o governo não mudará a meta de inflação de 2005 (4,5%) ao ano -apesar do governo discutir o assunto- e que o impacto negativo sobre a dívida pública, se mantida a recente alta do dólar, será "compensado" por um aumento de exportações devido à desvalorização do real. Parte da dívida pública é corrigida pela variação da moeda americana.
O ministro da Fazenda repetiu aos deputados seus argumentos de que o rigor fiscal e monetário aplicado até agora ajudou o governo a controlar a tendência de alta da dívida pública.
Palocci fez essas previsões e análises em almoço com oito deputados federais do PT ontem. Ele reafirmou que a política econômica não mudará e que a economia real já dá sinais de crescimento "incontestáveis". Previu que o desgaste político do governo será revertido até o final do ano, quando haverá mais quantidade de indicadores econômicos confirmando o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
A reunião foi marcada a pedido do líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), que convidou outros sete parlamentares do partido para a conversa. Quando Chinaglia disse que queria reunir Palocci e o ministro José Dirceu para uma conversa com mais deputados, o ministro da Fazenda ligou na hora para o chefe da Casa Civil. Ficou marcado encontro em São Paulo na próxima sexta-feira ou no sábado, dias em que o PT fará sua primeira conferência eleitoral do ano para discutir os pleitos municipais.

Diminuição gradativa
"Vai continuar havendo diminuição gradativa de juros", disse Palocci, rebatendo a avaliação do mercado que prevê alta da Selic. Segundo ele, "há margem para isso, porque a inflação projetada para os próximos 12 meses está abaixo da meta do ano.
A inflação projetada, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), é de 5,2% para os próximos 12 meses. A meta deste ano é de 5,5%.
Palocci citou dados recentes, como o crescimento das vendas na indústria, aumento do microcrédito e movimento de quitação de dívidas da parte dos consumidores para ilustrar seu otimismo econômico.
Sobre a turbulência financeira da semana, disse que ela passará e afetará menos o Brasil do que no passado. "A vulnerabilidade externa hoje é menor", afirmou, argumento que diminuiu de 32% para 16% a parcela da dívida pública interna indexada ao dólar.
Afirmou que, "se houver alta dos juros norte-americano [algo já sinalizado pelo Fed, o banco central dos EUA], será pequena e não afetará tanto o Brasil".
Segundo Palocci, se a China diminuir o seu crescimento econômica, será para um patamar ainda alto e que isso afetará menos o país do que em choques externos do passado.


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