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DIA DE ALÍVIO
Ministro faz análise otimista da economia para deputados do PT
Trajetória de queda dos juros não muda, afirma Palocci
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse ontem em
reuniões com deputados petistas
que o governo federal continuará
a diminuir a taxa básica de juros,
apesar de o mercado já prever alta
da Selic (hoje em 16% ao ano). Na
próxima semana, o Banco Central
define como fica a taxa de juros
para os 30 dias seguintes.
A Folha apurou que Palocci disse que a atual turbulência financeira internacional "não afetará
tanto o Brasil" e que a única coisa
que o governo julga surpreendente e inesperada é a alta do preço
do petróleo no mercado externo.
Respondendo a um temor dos
membros do PT, disse que não há
margem de manobra para o governo negociar um salário mínimo superior a R$ 260. Ou seja,
não vai negociar duro com a Câmara e ceder no Senado, onde a
base do governo é mais frágil.
Palocci afirmou que o governo
não mudará a meta de inflação de
2005 (4,5%) ao ano -apesar do
governo discutir o assunto- e
que o impacto negativo sobre a
dívida pública, se mantida a recente alta do dólar, será "compensado" por um aumento de exportações devido à desvalorização do
real. Parte da dívida pública é corrigida pela variação da moeda
americana.
O ministro da Fazenda repetiu
aos deputados seus argumentos
de que o rigor fiscal e monetário
aplicado até agora ajudou o governo a controlar a tendência de
alta da dívida pública.
Palocci fez essas previsões e
análises em almoço com oito deputados federais do PT ontem.
Ele reafirmou que a política econômica não mudará e que a economia real já dá sinais de crescimento "incontestáveis". Previu
que o desgaste político do governo será revertido até o final do
ano, quando haverá mais quantidade de indicadores econômicos
confirmando o crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto).
A reunião foi marcada a pedido
do líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), que convidou
outros sete parlamentares do partido para a conversa. Quando
Chinaglia disse que queria reunir
Palocci e o ministro José Dirceu
para uma conversa com mais deputados, o ministro da Fazenda ligou na hora para o chefe da Casa
Civil. Ficou marcado encontro
em São Paulo na próxima sexta-feira ou no sábado, dias em que o
PT fará sua primeira conferência
eleitoral do ano para discutir os
pleitos municipais.
Diminuição gradativa
"Vai continuar havendo diminuição gradativa de juros", disse
Palocci, rebatendo a avaliação do
mercado que prevê alta da Selic.
Segundo ele, "há margem para isso, porque a inflação projetada
para os próximos 12 meses está
abaixo da meta do ano.
A inflação projetada, de acordo
com o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), é de 5,2%
para os próximos 12 meses. A meta deste ano é de 5,5%.
Palocci citou dados recentes,
como o crescimento das vendas
na indústria, aumento do microcrédito e movimento de quitação
de dívidas da parte dos consumidores para ilustrar seu otimismo
econômico.
Sobre a turbulência financeira
da semana, disse que ela passará e
afetará menos o Brasil do que no
passado. "A vulnerabilidade externa hoje é menor", afirmou, argumento que diminuiu de 32%
para 16% a parcela da dívida pública interna indexada ao dólar.
Afirmou que, "se houver alta
dos juros norte-americano [algo
já sinalizado pelo Fed, o banco
central dos EUA], será pequena e
não afetará tanto o Brasil".
Segundo Palocci, se a China diminuir o seu crescimento econômica, será para um patamar ainda
alto e que isso afetará menos o
país do que em choques externos
do passado.
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