São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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Para José Alencar, BC desperdiçou chance

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A poucos dias de assumir interinamente a Presidência da República, o vice-presidente José Alencar, 72, afirmou que o Banco Central tem hoje menos folga para baixar os juros do que no passado recente, embora continue achando que sempre há tempo para a redução das taxas. "Já tivemos ocasiões até melhores do que agora para baixar os juros, mas o Brasil é muito rico e muito grande, e sempre há tempo para isso."
Apesar disso, Alencar continua sendo um dos maiores críticos dos juros. Ele diz que as taxas pagas no Brasil são as mais elevadas do mundo, prejudicam o desempenho da economia e ainda aumentam a dívida do país. "Esse juro é um absurdo", afirma.
Para ele, "o Brasil deveria perseguir uma taxa de juro de padrão internacional e condizente com a realidade brasileira". A taxa Selic (básica) está em 16% ao ano.
As declarações de Alencar foram feitas ontem à Folha durante conversa por telefone de sua casa, no Rio. Na semana que vem, Alencar assume interinamente a Presidência durante a viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à China.
Alencar afirma que o Brasil precisa se preocupar menos com os movimentos de altas e baixas do mercado financeiro, como os dos últimos dias. De acordo com ele, o mercado vive de expectativas, que nem sempre se confirmam. O mercado recuou em razão da perspectiva de o Fed (o Banco Central americano) elevar os juros, atualmente em 1% ao ano.
Para Alencar, mesmo que os EUA aumentem os juros de 1% para 2%, os juros no Brasil ainda continuarão muito mais atraentes para os investidores estrangeiros e, portanto, a queda do mercado teria sido exagerada.
São em momentos como esses, segundo o vice-presidente, que o profissional do mercado tem a chance de ganhar dinheiro.
"O profissional lucra na expectativa, mesmo que ela não se concretize. Uma queda exagerada na Bolsa de Valores abre excelente oportunidade para se comprar ações a preço vil."


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