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TRIBUTOS
Segundo o presidente da CUT, Luiz Marinho, ministro admite reajustar a tabela, desde que haja compensação
Para corrigir IR, Palocci quer alíquota maior
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) admitiu ontem, segundo relato do presidente da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, fazer alguma correção na tabela do Imposto de Renda. Mas ressaltou
que essa correção terá de ser compensada com alíquotas mais altas
para quem ganha mais.
A Folha apurou ainda que o governo poderá fazer uma correção
em torno de 11,32%, repondo a inflação acumulada durante o governo Lula, iniciado em janeiro de
2003. Isso porque em 2002 já houve um reajuste de 17,5%. A princípio, a CUT reivindicava 55,32%
de correção, o que incluiria perdas do governo anterior.
Ontem, Palocci recebeu sindicalistas ligados à CUT para discutir
o assunto. Segundo Marinho, na
reunião foi discutida a ampliação
das alíquotas atuais, que são de
15% (para quem ganha entre R$
1.058 e R$ 2.115) e de 27,5% (para
quem ganha mais de R$ 2.115).
O leque de opções de alíquotas
discutido foi de 5% a 30%. Para
adotar a de 5%, o governo poderia
inclusive reduzir o limite de isenção atual, afirmou Marinho. "Embora esse não seja o nosso desejo",
disse. Em seguida, explicou que
concorda em tributar mais quem
ganha mais. Palocci prometeu
uma decisão sobre o assunto até
1º de junho, segundo Marinho.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
José Lopez Feijóo, a correção de
11,32% significaria perda um pouco inferior a R$ 1,7 bilhão para o
governo. "Existem alternativas
para a compensação. Poderia ser
elevada, por exemplo, a tributação sobre bebidas e cigarros."
Marinho explicou que Palocci
iniciou a reunião dizendo que não
era favorável ao reajuste da tabela
do IR, mas que discutiria o assunto por causa de um pedido do presidente Lula. "Ele sugeriu mexer
apenas nas deduções, mas nós
não aceitamos porque queremos
a correção."
No final do mês passado, durante visita a uma fábrica em São
Bernardo (ABC paulista), Lula
disse, ao ler faixas pedindo a correção da tabela, que em breve poderia ter boas notícias para os trabalhadores sobre o assunto. Sua
afirmação pegou de surpresa a
equipe econômica.
Feijão e pressão
Os sindicalistas também sinalizaram ao ministro que não aceitariam uma resposta negativa. "Governo é igual feijão. Tem que pôr
pressão", disse Marinho.
Feijóo lembrou que este é um
ano eleitoral e que os sindicalistas
buscariam mobilizar os 18 milhões de declarantes do IR. "Eles
são formadores de opinião."
"Na nossa visão, corrigir a tabela injeta dinheiro na economia,
aumenta o consumo, gera empregos", argumentou Marinho. Para
Feijóo, não alterar a tabela significa "confisco salarial".
O presidente da CUT disse que
o objetivo é corrigir a tabela neste
ano e as compensações ficariam
para 2005. Qualquer aumento de
IR só pode vigorar no ano seguinte ao do seu estabelecimento.
Durante as discussões sobre a
correção da tabela, disse Marinho, também deverá ser debatida
a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas e mudanças na legislação sobre heranças.
Na próxima semana, os técnicos
dos sindicatos vão debater a tabela com a Receita. Ontem, Marinho
e os sindicalistas também estiveram no Congresso, falando com o
presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP).
Bandeira ontem, hoje não
A correção da tabela foi uma das
bandeiras do PT quando fazia
oposição ao governo Fernando
Henrique Cardoso. Hoje, como
governo, a equipe econômica de
Lula se posiciona contra a medida
com os mesmos argumentos de
FHC: a correção gera perda de receita e, se aprovada, deve ter uma
compensação.
O secretário da Receita, Jorge
Rachid, tem dito que corrigir a tabela do IR favorece apenas 6,6%
da população economicamente
ativa, que é a parcela que paga IR.
Por outro lado, retira recursos
que poderiam ser usados para
ampliar gastos na área social.
Rachid argumenta ainda que
criar alíquotas muito altas não aumenta a arrecadação na mesma
proporção. Isso porque quem ganha salários mais elevados pode
encontrar meios de escapar da
nova tributação.
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