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Fundo de pensão derruba lucro da Petrobras
Gasto de R$ 1 bi com o Petros mais custos extras com contratação de 7.500 funcionários elevam despesas da estatal
Ganho da empresa no primeiro trimestre cai 38% e fica em R$ 4,1 bi; aumento de extração é destaque positivo do período
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras registrou lucro
líquido de R$ 4,131 bilhões no
primeiro trimestre de 2007,
com queda de 38% em relação
ao mesmo trimestre de 2006
(R$ 6,675 bilhões). Na comparação com o quatro trimestre
de 2006, quando lucrou R$ 5,2
bilhões, a retração foi de 21%. O
resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, de cerca
de R$ 5 bilhões.
Foi a primeira vez, desde pelo menos o quarto trimestre de
1999, que o lucro trimestral da
Petrobras não foi o maior do
país. A Vale do Rio Doce lidera a
lista dos ganhos de janeiro a
março, com R$ 5,1 bilhões.
Segundo o diretor financeiro
da Petrobras, Almir Barbassa, o
maior impacto para a redução
do lucro decorreu dos gastos de
R$ 1 bilhão que a companhia teve para que os funcionários
aderissem às novas regras do
fundo de pensão Petros. O ganho também foi afetado com a
contratação de 7.500 funcionários, o que elevou os custos.
A Petros tinha um déficit estimado em R$ 4,5 bilhões no
fim de 2006. Para cobri-lo, a
Petrobras tem reservada em
seu balanço uma provisão de
R$ 6 bilhões. Os gastos contabilizados neste trimestre são referentes apenas aos incentivos
dados aos funcionários para
aderirem às mudanças, como a
que desvincula o reajuste dos
benefícios de aposentados e
pensionistas dos aumentos dos
funcionários da ativa.
Barbassa disse que no primeiro trimestre a companhia
sofreu ainda com a alta dos custos de produção de derivados
de petróleo. Isso porque formou estoques de óleo cru com
preços mais altos no ano passado e que foram refinados agora.
Segundo o executivo, esse
efeito causou também uma
perda de R$ 1 bilhão no primeiro trimestre e é mais difícil de
ser avaliado pelo mercado, o
que explica a diferença entre as
previsões e o lucro.
A valorização do real também teve influência. Reduziu o
lucro da companhia em R$ 570
milhões -a estatal tem ativos
no exterior cotados em dólar
que são contabilizados com valor menor no balanço quando
convertidos em real.
Outro efeito negativo foi a redução do preço do petróleo. A
cotação do barril tipo Brent
passou de US$ 61,80 no 1º trimestre de 2006 para US$ 57,80
no mesmo período deste ano.
Com o aumento de custos,
sobrou menos dinheiro em caixa, indicador medido pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). A queda foi de 22%, ficando em R$ 10,993 bilhões no
primeiro trimestre do ano.
Destaque positivo
Já o faturamento somou R$
38,894 bilhões no período -alta de 8% na comparação com o
mesmo trimestre de 2006 em
razão do aumento da produção
de petróleo e derivados.
Foi a expansão da produção o
destaque positivo do balanço,
segundo Barbassa. A alta ficou
em 3% no primeiro trimestre,
quando a extração de óleo em
campos nacionais atingiu 1,8
milhão de barris/dia.
Em sua previsão, Luiz Octávio Broad, analista da corretora
Ágora, já previa a redução do
lucro devido a custos maiores,
especialmente pela repactuação do plano Petros e pelas novas contratações. Ainda assim,
estimava um lucro de R$ 5,3 bilhões no trimestre. "Os custos
aumentaram sem que a produção tivesse crescido no mesmo
ritmo para compensar."
Já Marcos Paulo Fernandes,
da corretora Fator, previa lucro
de R$ 5,6 bilhões. Para ele, o volume de óleo produzido no primeiro trimestre "foi baixo e inferior às expectativas iniciais".
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