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INVESTIMENTOS
Tendência na caderneta mudou em maio
Poupança atrai mais recursos em junho; fundos perdem aplicações
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A poupança, a lanterninha das
aplicações financeiras, continua a
atrair investidores neste mês. Só
nos primeiros quatro dias de junho, a captação líquida (aplicações menos resgates) totalizou R$
2,06 bilhões.
Somados os recursos que entraram em maio, a caderneta já acumula uma captação positiva de R$
3,77 bilhões. Nos primeiros quatro meses do ano, houve mais resgates que aplicações na poupança.
A mais conservadora das aplicações voltou a ficar atrativa depois
da queda da Selic para 16% ao ano
e da turbulência que varreu os
mercados a partir do final de
abril. As LFTs (Letras Financeiras
do Tesouro), papel que recheia as
carteiras dos fundos DI, se desvalorizaram, fazendo alguns deles
apresentarem rentabilidade negativa.
Segundo dados do site Fortuna,
os fundos de investimento perderam R$ 9,58 bilhões desde o final
de abril até o dia 8 deste mês
-sendo R$ 4,674 bilhões só no
mês passado. Apesar do volume
de recursos mobilizado, analistas
dizem que não se trata de uma fuga de investidores, mas de um
ajuste de portfólio.
"É um movimento pequeno, o
total de saques nos fundos representa apenas 2% do patrimônio líquido dessas aplicações", diz Fábio Colombo, da consultoria Money. O movimento parece estar
arrefecendo.
Nos seis primeiros dias úteis de
junho, R$ 1,28 bilhão deixou essas
aplicações. Em igual período de
maio, saíram R$ 2,58 bilhões dos
fundos de investimento, segundo
dados do Fortuna.
Colombo diz que o que vem
ocorrendo é uma realocação de
recursos. "Os pequenos investidores se assustaram com a oscilação dos fundos DI em maio e fugiram para a poupança, e os grandes investidores buscaram diversificar o risco das aplicações."
Os investidores de maior porte,
que estavam concentrados em
aplicações lastreadas em papéis
do governo, alocaram parte dos
seus recursos em papéis do setor
privado. Os CDBs (Certificados
de Depósito Bancário) foram o
destino desses recursos. Em maio
e até o dia 4 deste mês, a captação
líquida dos CDBs foi R$ 11,08 bilhões, segundo o Banco Central.
Poupança
A fórmula de cálculo dos rendimentos da poupança tornou essa
aplicação mais atrativa depois
que a Selic caiu para 16%, explica
José Pereira Gonçalves, superintendente técnico da Abecip (Associação Brasileira de Crédito
Imobiliário e Poupança).
"Quando a Selic estava acima de
16%, o poupador recebia 60% da
rentabilidade média dos CDBs",
explica. "Agora, esse percentual
passa para 70%. Como não incide
Imposto de Renda nem taxa de
administração, o ganho líquido fica muito próximo ao dos fundos
mais conservadores", acrescenta.
Ouro fator que impulsionou a
captação das cadernetas, segundo
ele, foi o pagamento de R$ 1,4 bilhão dos expurgos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) referente aos planos Verão
(1989) e Collor 1 (1990) aos idosos.
"Parte desses recursos veio para a
poupança", diz Gonçalves.
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