São Paulo, sábado, 12 de junho de 2004

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INVESTIMENTOS

Tendência na caderneta mudou em maio

Poupança atrai mais recursos em junho; fundos perdem aplicações

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A poupança, a lanterninha das aplicações financeiras, continua a atrair investidores neste mês. Só nos primeiros quatro dias de junho, a captação líquida (aplicações menos resgates) totalizou R$ 2,06 bilhões.
Somados os recursos que entraram em maio, a caderneta já acumula uma captação positiva de R$ 3,77 bilhões. Nos primeiros quatro meses do ano, houve mais resgates que aplicações na poupança.
A mais conservadora das aplicações voltou a ficar atrativa depois da queda da Selic para 16% ao ano e da turbulência que varreu os mercados a partir do final de abril. As LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), papel que recheia as carteiras dos fundos DI, se desvalorizaram, fazendo alguns deles apresentarem rentabilidade negativa.
Segundo dados do site Fortuna, os fundos de investimento perderam R$ 9,58 bilhões desde o final de abril até o dia 8 deste mês -sendo R$ 4,674 bilhões só no mês passado. Apesar do volume de recursos mobilizado, analistas dizem que não se trata de uma fuga de investidores, mas de um ajuste de portfólio.
"É um movimento pequeno, o total de saques nos fundos representa apenas 2% do patrimônio líquido dessas aplicações", diz Fábio Colombo, da consultoria Money. O movimento parece estar arrefecendo.
Nos seis primeiros dias úteis de junho, R$ 1,28 bilhão deixou essas aplicações. Em igual período de maio, saíram R$ 2,58 bilhões dos fundos de investimento, segundo dados do Fortuna.
Colombo diz que o que vem ocorrendo é uma realocação de recursos. "Os pequenos investidores se assustaram com a oscilação dos fundos DI em maio e fugiram para a poupança, e os grandes investidores buscaram diversificar o risco das aplicações."
Os investidores de maior porte, que estavam concentrados em aplicações lastreadas em papéis do governo, alocaram parte dos seus recursos em papéis do setor privado. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) foram o destino desses recursos. Em maio e até o dia 4 deste mês, a captação líquida dos CDBs foi R$ 11,08 bilhões, segundo o Banco Central.

Poupança
A fórmula de cálculo dos rendimentos da poupança tornou essa aplicação mais atrativa depois que a Selic caiu para 16%, explica José Pereira Gonçalves, superintendente técnico da Abecip (Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança).
"Quando a Selic estava acima de 16%, o poupador recebia 60% da rentabilidade média dos CDBs", explica. "Agora, esse percentual passa para 70%. Como não incide Imposto de Renda nem taxa de administração, o ganho líquido fica muito próximo ao dos fundos mais conservadores", acrescenta.
Ouro fator que impulsionou a captação das cadernetas, segundo ele, foi o pagamento de R$ 1,4 bilhão dos expurgos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) referente aos planos Verão (1989) e Collor 1 (1990) aos idosos. "Parte desses recursos veio para a poupança", diz Gonçalves.



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