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Objetivo da mudança é prevenir especulação, diz Mantega
FERNANDO NAKAGAWA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mudança de regras do mercado cambial anunciada na sexta-feira quer reduzir o espaço
dos bancos para especulação. A
informação foi dada à Folha
pelo ministro Guido Mantega
(Fazenda). Segundo ele, a equipe econômica quer se prevenir
contra distorções que podem
ser geradas pelas crescentes
operações no mercado futuro.
"São medidas que vêm no
sentido de diminuir a capacidade especulativa", disse. Entre
as medidas, o BC reduziu o limite de aplicações cambiais de
60% para 30% do patrimônio
das instituições financeiras.
Essas ações foram tomadas, segundo ele, após a observação de
"abusos e distorções" no mercado futuro -onde contratos
de compra e venda são fechados com base em preço e data
predeterminada. "Detectamos
exagero, excesso de operações
e estamos tentando coibi-las."
As declarações de Mantega
contradizem as justificativas
técnicas apresentadas pelo BC.
Para a autoridade monetária,
as mudanças tiveram apenas
caráter "prudencial", ou seja,
pretendem dar mais solidez ao
sistema financeiro.
Segundo o raciocínio do BC,
momentos de grandes oscilações do dólar -para cima ou
para baixo- aumentam os riscos das operações cambiais.
Assim, para evitar que uma
queda ou uma alta muito brusca das cotações quebre uma
instituição financeira, passa-se
a exigir mais capital como garantia.
Técnicos do BC acrescentam
que as posições cambiais de
muitos bancos já estavam abaixo dos limites fixados antes da
mudança. Isso explicaria a queda do dólar ontem, no primeiro
dia de negócios após a divulgação das medidas. Os novos limites podem produzir efeitos
mais concretos ao longo das
próximas semanas, pois devem
impedir que as operações de
câmbio cresçam na mesma velocidade dos últimos meses.
Apesar da expectativa de
efeito nas cotações, o impacto
deverá ser reduzido. Para o
professor Fernando de Holanda Barbosa, da FGV do Rio de
Janeiro, as medidas podem diminuir o espaço de "um ou outro banco". "Mas as principais
causas da queda do dólar, como
o excesso de dólares no exterior e os juros altos no Brasil,
continuam", diz.
Procurada para comentar a
afirmação do ministro sobre os
bancos, a Febraban (Federação
dos Bancos Brasileiros) disse
que não se pronunciaria.
Desoneração
Mantega também sinalizou
que a desoneração da folha de
pagamento para setores que sofreram com a valorização do
real não deverá sair rapidamente. Apesar das promessas
de que a medida seria anunciada em breve, o ministro disse
que os testes mostram "que não
será fácil" implementar a regra.
Diante desse cenário, a equipe econômica prepara nova desoneração para esses mesmos
segmentos que sofreram com o
dólar. Uma das propostas é oferecer crédito com juros mais
baixos que a média do mercado.
A diferença seria coberta pelo
Tesouro Nacional.
Mantega disse que essas medidas poderiam sair ainda nesta
semana. A Folha apurou que a
linha de crédito, a ser oferecida
por meio do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), deverá
chegar a R$ 3 bilhões.
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