|
Texto Anterior | Índice
Menores se ferem mais em trabalho no campo
Está prevista para hoje assinatura de decreto presidencial sobre o assunto
Pesquisa do IBGE mostra que metade dos casos de acidentes de trabalho com menores de 18 anos ocorre em atividades rurais
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Metade das crianças e dos
adolescentes feridos ou doentes em decorrência do trabalho
no país atua na agricultura,
apontam dados da mais recente
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), obtidos a pedido da Folha.
No país, de acordo com a pesquisa, 5,13 milhões de menores
de 18 anos estavam incluídos
no mercado de trabalho.
Hoje, Dia Mundial contra o
Trabalho Infantil, está prevista
a assinatura, pelo presidente
Lula, de decreto que estabelece
locais de trabalho proibidos para atuação profissional de menores de 18 anos. Atividades
rurais estão na lista.
Os números da Pnad -de
2006- mostram que 51,5% das
crianças que se feriram ou
adoeceram nos 365 dias anteriores à pesquisa atuavam na
agricultura -128,2 mil do total
de 248 mil. O IBGE visitou
mais de 145 mil domicílios para
realizar a Pnad. Coletou os dados com moradores adultos das
casas. Dos menores de 18 anos
que trabalhavam, 41,4% atuavam na agricultura.
Maranhão (com cerca de 40
mil casos) e Roraima (com
2.000) lideraram entre os Estados em que menores de 18 anos
mais se ferem ou adoecem em
razão do trabalho.
Entre as crianças e adolescentes maranhenses que têm a
mão-de-obra explorada, 83,8%
não tiveram orientação sobre
riscos do trabalho. Em seguida
veio Roraima (76,2%).
Agrotóxicos e facões
A secretária-executiva do
Fórum Nacional de Prevenção
e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Maria de Oliveira,
disse que o contato das crianças
com agrotóxicos e o uso de facas, enxadas e foices não-adaptados para uso infantil explicam os problemas. Para ela, "é
salutar ensinar aos filhos, mas
jamais a criança pode assumir o
trabalho dos adultos".
A Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura) discordou dos critérios da pesquisa do IBGE. A
secretária de Políticas Sociais
da entidade, Alessandra Lunas,
afirmou que os números estão
superestimados. Para ela, a distorção surge porque o instituto
considera a presença dos jovens no campo para o aprendizado do trabalho rural como
exploração da mão-de-obra.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário afirmou que a
exploração infantil na agricultura familiar ocorre pelo endividamento de produtores.
O Ministério da Agricultura
informou que precisaria de
mais dados para se manifestar.
O Ministério do Trabalho não
se pronunciou.
Colaborou FELIPE BÄCHTOLD ,
da Agência Folha
Texto Anterior: Vaivém das commodities Índice
|