São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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Tesouro vai lançar R$ 5 bi em títulos

da Sucursal de Brasília

Na próxima terça-feira, o Tesouro Nacional lançará no mercado interno R$ 5 bilhões em títulos públicos federais. Com parte desses títulos, o Tesouro tentará ampliar o prazo de resgate dos títulos públicos prefixados.
Na terça-feira, serão ofertados ao mercado R$ 500 milhões em LTNs (Letras do Tesouro Nacional) com vencimento em 5 de janeiro do próximo ano. Ou seja, com prazo de 203 dias.
Nas quatro semanas seguintes, o governo vai oferecer, a cada terça-feira, mais R$ 500 milhões -sempre com vencimento em 5 de janeiro.
Para que esses títulos tenham as mesmas características, o prazo de resgate será reduzido em sete dias a cada emissão, de maneira que o prazo do último lote será de 175 dias.
Ou seja, ao final da emissão o governo terá R$ 2,5 bilhões em LTNs com vencimento em 5 de janeiro de 2000.
O secretário do Tesouro, Eduardo Guimarães, disse que a concentração de títulos com as mesmas características amplia a oferta de papéis no mercado secundário e permite a formação de um preço referencial.
O mercado secundário de títulos é onde são feitas operações de compra e de venda sem a participação do governo.
Guimarães disse que a oferta semanal de R$ 500 milhões em LTNs poderá ser elevada se houver muita procura no leilão da próxima terça-feira, mas o estoque final será sempre de R$ 2,5 bilhões.
A estratégia de oferecer títulos com características iguais durante um certo período deverá ser mantida, afirmou o secretário. Há três semanas que o governo não consegue colocar no mercado LTNs com prazo de seis meses -as últimas emissões foram de três meses.
O secretário disse ainda que na próxima terça-feira será ofertado R$ 1 bilhão em LTNs com prazo de três meses, além de R$ 3,5 bilhões em LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) com resgate de dois anos.
A LFT é um título pós-fixado, cuja remuneração só é conhecida posteriormente.
No último leilão de LTNs, anteontem, com prazo de 89 dias, o governo aceitou pagar remuneração média de 22,57% -0,57 ponto percentual acima dos juros de curto prazo.
Desde o último dia 19, os compradores estão apresentando insegurança quanto ao futuro dos juros no país (apesar de ter acontecido nova queda no intervalo), pedindo taxas maiores para comprar os papéis prefixados.
Um leilão de LTNs teve de ser cancelado pelo BC, devido à disparidade de taxas pedidas pelo mercado.

Mudança de posição
O fim da isenção de Imposto de Renda (IR) dos fundos de renda fixa para o capital estrangeiro, no dia 30, pode afetar a compra de papéis lastreados pelo governo, segundo analistas de mercado.
A instabilidade apresentada pelo mercado brasileiro é outro fator que deve influenciar na fixação de taxas pedidas nos leilões.
"Os investimentos externos vêm com planejamento. Hoje, com a velocidade do dinheiro e com a grande especulação, os investidores não parecem muito dispostos a colocar o dinheiro em papéis brasileiros, a não ser com remuneração muito boa", disse Carlos Alberto Abdalla, da Souza Barros.


Colaborou a Reportagem Local

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