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FOME DE LEÃO
Cortes no Orçamento podem ser revistos após arrecadação maior
Receita de impostos bate previsão
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A receita do governo com arrecadação de impostos está maior
do que o previsto, o que pode
abrir espaço para um desbloqueio
do Orçamento já neste mês. No
primeiro semestre, se levada em
conta a inflação medida pelo
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a arrecadação foi
1,8% maior que a de 2002.
Pelo IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna), porém, a receita total caiu
9,2%. Esse era o índice utilizado
pela Receita para correção até o
ano passado, mas, como foi muito
influenciado pela alta do dólar, os
técnicos incluíram o IPCA.
Em fevereiro, o governo projetou receitas de tributos de R$ 39,6
bilhões para o bimestre maio/junho. Mas entraram R$ 40,4 bilhões. A arrecadação do semestre
foi de R$ 133,3 bilhões.
De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo deve
reavaliar os cortes orçamentários
a cada dois meses. Dependendo,
portanto, da evolução das despesas, os cortes de R$ 13 bilhões definidos pelo governo no começo
do ano poderão ser reduzidos em
R$ 800 milhões -diferença entre
o valor arrecadado e o que havia
sido estimado.
Em junho, a Receita Federal teve o seu pior resultado de 2003,
mas essa evolução aconteceu por
motivos temporários, como a
concentração de pagamentos de
Imposto de Renda nos primeiros
meses do ano.
No mês passado foram arrecadados R$ 19,8 bilhões, um número inferior ao do mesmo mês de
2002 de acordo com o IPCA
(1,92% menor) e com o IGP-DI
(9,92% de queda).
Os números poderiam ser melhores se não fosse a baixa atividade econômica dos primeiros meses de 2003 e a perda de R$ 1,7 bilhão por causa de liminares judiciais contra o pagamento da Cide
(contribuição sobre o consumo
de combustíveis) e do Imposto
sobre Produtos Industrializados.
A análise da arrecadação do primeiro semestre ficou comprometida pelas receitas extras que entraram em 2002, cerca de R$ 9,4
bilhões. Neste ano, esse total foi de
apenas R$ 3,4 bilhões.
No ano passado, o governo recebeu recursos de impostos atrasados pagos pelos fundos de pensão. Em 2003, a diferença foi dada
pelos impostos calculados sobre
os lucros dos bancos e da Petrobras. Também as receitas de royalties (participações do governo)
sobre a produção petrolífera subiram 110,48% no ano (pelo IPCA).
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