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Crise energética já prejudica a produção de empresas brasileiras instaladas no vizinho
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas brasileiras que importam ou que têm operações
na Argentina já estão sendo
prejudicadas pela crise energética, que restringe a produção
industrial no país. O problema
também pode impactar o bolso
do consumidor brasileiro -os
preços de farinha de trigo, óleo
e farelo de soja podem subir.
Por causa das restrições ao
consumo, a unidade argentina
da têxtil Santista registrou redução de 15% na produção nos
últimos dois meses. Desviar a
produção para o Brasil, afirma
Camilo Gabrielli, diretor industrial da empresa, não é viável. "Estamos esperando que o
frio diminua", avalia. "Creio
que todas as empresas estão
tendo certo prejuízo lá."
Segundo o presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira, Alberto Alzueta, a
crise de energia no país também está impactando alguns
casos de importações. "Entregas já estão sendo afetadas. Sabemos de casos de empresas de
laticínios, já que muitas usinas
operam com atividade reduzida, e de empresas de autopeças
que também sofrem", afirmou.
O setor calçadista brasileiro,
que nos últimos anos mostrou
grande interesse em investir no
país, avaliou ontem, durante a
Francal, maior feira de calçados do Brasil, que a situação é
"preocupante". "Se o problema
se agravar, a empresa vai buscar uma solução, como já aconteceu no período de apagão no
Brasil, de implantar seu próprio sistema de geração de
energia", afirma Milton Cardoso, presidente da Abicalçados e
da Vulcabras, que comprou a
fábrica argentina de calçados
Indular. Por enquanto, diz ele,
não houve queda na produção.
Josué Gomes da Silva, presidente da têxtil Coteminas, também presente no país vizinho,
afirma que a situação preocupa,
mas avalia que a empresa não
será afetada. "Por enquanto,
não sofremos restrições."
As indústrias de trigo brasileiras já acenam com a possibilidade de o preço da farinha subir no mercado interno devido
à crise: as importações devem
cair, já que os argentinos não
devem conseguir cumprir os
contratos, e serão substituídas
pelo produto nacional, entre
10% e 12% mais caro que o argentino, segundo o Sindustrigo.
Óleo e farelo de soja também
devem ser pressionados se os
exportadores brasileiros substituírem as vendas externas argentinas desses produtos.
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