São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Crise energética já prejudica a produção de empresas brasileiras instaladas no vizinho

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas brasileiras que importam ou que têm operações na Argentina já estão sendo prejudicadas pela crise energética, que restringe a produção industrial no país. O problema também pode impactar o bolso do consumidor brasileiro -os preços de farinha de trigo, óleo e farelo de soja podem subir.
Por causa das restrições ao consumo, a unidade argentina da têxtil Santista registrou redução de 15% na produção nos últimos dois meses. Desviar a produção para o Brasil, afirma Camilo Gabrielli, diretor industrial da empresa, não é viável. "Estamos esperando que o frio diminua", avalia. "Creio que todas as empresas estão tendo certo prejuízo lá."
Segundo o presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira, Alberto Alzueta, a crise de energia no país também está impactando alguns casos de importações. "Entregas já estão sendo afetadas. Sabemos de casos de empresas de laticínios, já que muitas usinas operam com atividade reduzida, e de empresas de autopeças que também sofrem", afirmou.
O setor calçadista brasileiro, que nos últimos anos mostrou grande interesse em investir no país, avaliou ontem, durante a Francal, maior feira de calçados do Brasil, que a situação é "preocupante". "Se o problema se agravar, a empresa vai buscar uma solução, como já aconteceu no período de apagão no Brasil, de implantar seu próprio sistema de geração de energia", afirma Milton Cardoso, presidente da Abicalçados e da Vulcabras, que comprou a fábrica argentina de calçados Indular. Por enquanto, diz ele, não houve queda na produção.
Josué Gomes da Silva, presidente da têxtil Coteminas, também presente no país vizinho, afirma que a situação preocupa, mas avalia que a empresa não será afetada. "Por enquanto, não sofremos restrições."
As indústrias de trigo brasileiras já acenam com a possibilidade de o preço da farinha subir no mercado interno devido à crise: as importações devem cair, já que os argentinos não devem conseguir cumprir os contratos, e serão substituídas pelo produto nacional, entre 10% e 12% mais caro que o argentino, segundo o Sindustrigo.
Óleo e farelo de soja também devem ser pressionados se os exportadores brasileiros substituírem as vendas externas argentinas desses produtos.


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