São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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"O BC é agora o grande risco, se elevar os juros'

FOLHA - Quanto tempo vai durar a turbulência?
FERNANDO CARDIM
- Não é possível dizer com certeza.

FOLHA - A crise atual é diferente das ocorridas nos anos 90?
CARDIM
- Para o Brasil, sim. Hoje temos US$ 150 bilhões em reservas e um saldo comercial bom. Se souberem administrar isso com um pouco de inteligência, o país se sairá bem.

FOLHA - A crise chegará à economia real, inclusive à brasileira?
CARDIM
- Se a turbulência for mantida pequena, pode ser até favorável. Se a equipe econômica mantiver a cabeça fria e permitir que o dólar se valorize para R$ 2 ou R$ 2,10, alguns setores retomariam exportações.

FOLHA - O BC tende a ficar mais conservador sobre os juros?
CARDIM
- O BC é o grande risco do país agora. Se ele reagir elevando os juros, nesse reflexo pavloviano tão característico, investimento e consumo vão para o vinagre. Imagine a quantidade de insolventes...

FOLHA - Os BCs americano e europeu agiram bem na crise?
CARDIM
- Sim. O problema nessas situações é o pânico. Qualquer tremida, um rumor apenas, cria uma bola de neve que resulta em venda desordenada de papéis e em quebradeira. Quando o clima de pânico dos últimos dias contagia os demais mercados, os agentes querem ser os primeiros a vender esses ativos e comprar títulos públicos. Ou seja, com os BCs lá de fora agindo igual ao nosso, todos nós estaríamos com a casa à venda. Felizmente, o Fed é mais inteligente ou tem mais experiência. Abriu o cofre para os bancos, que emprestam aos fundos investidores do mercado com problema. Dessa forma, os fundos têm tempo para vender os ativos.

FOLHA - Fundos brasileiros podem ter prejuízos, como os europeus?
CARDIM
- Não, pelo menos diretamente. A explosão só vem se a turbulência for transformada em crise de larga escala.


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