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"O BC é agora o grande risco, se elevar os juros'
FOLHA - Quanto tempo vai durar a
turbulência?
FERNANDO CARDIM - Não é possível dizer com certeza.
FOLHA - A crise atual é diferente
das ocorridas nos anos 90?
CARDIM - Para o Brasil, sim.
Hoje temos US$ 150 bilhões em
reservas e um saldo comercial
bom. Se souberem administrar
isso com um pouco de inteligência, o país se sairá bem.
FOLHA - A crise chegará à economia
real, inclusive à brasileira?
CARDIM - Se a turbulência for
mantida pequena, pode ser até
favorável. Se a equipe econômica mantiver a cabeça fria e permitir que o dólar se valorize para R$ 2 ou R$ 2,10, alguns setores retomariam exportações.
FOLHA - O BC tende a ficar mais
conservador sobre os juros?
CARDIM - O BC é o grande risco
do país agora. Se ele reagir elevando os juros, nesse reflexo
pavloviano tão característico,
investimento e consumo vão
para o vinagre. Imagine a quantidade de insolventes...
FOLHA - Os BCs americano e europeu agiram bem na crise?
CARDIM - Sim. O problema nessas situações é o pânico. Qualquer tremida, um rumor apenas, cria uma bola de neve que
resulta em venda desordenada
de papéis e em quebradeira.
Quando o clima de pânico dos
últimos dias contagia os demais
mercados, os agentes querem
ser os primeiros a vender esses
ativos e comprar títulos públicos. Ou seja, com os BCs lá de
fora agindo igual ao nosso, todos nós estaríamos com a casa à
venda. Felizmente, o Fed é
mais inteligente ou tem mais
experiência. Abriu o cofre para
os bancos, que emprestam aos
fundos investidores do mercado com problema. Dessa forma,
os fundos têm tempo para vender os ativos.
FOLHA - Fundos brasileiros podem
ter prejuízos, como os europeus?
CARDIM - Não, pelo menos diretamente. A explosão só vem
se a turbulência for transformada em crise de larga escala.
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