Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Crise pode chegar ao Brasil se for de longa duração'
FOLHA - Quanto tempo vai durar a
turbulência?
EDWARD AMADEO - Difícil dizer.
É possível que alguns fundos de
investimento e bancos tenham
créditos ruins, o que pode fazer
com a que a volatilidade continue alta. Com a incerteza, há
movimentos de resgate de fundos e bancos que se recusam a
emprestar. Enfim, falta de liquidez. Não acho que o problema de créditos ruins seja grande o suficiente para provocar
uma crise, apenas volatilidade.
FOLHA - A crise atual é diferente
das ocorridas nos anos 90?
AMADEO - É diferente da crise
da Ásia em 1997, quando tivemos um problema de descasamento de prazos entre passivos
e ativos dos bancos. Agora, o
problema é que alguns fundos e
bancos têm créditos de má
qualidade. Mas está restrito ao
mercado de hipotecas nos
EUA, em que a parcela de créditos ruins é pequena.
FOLHA - A crise chegará à economia real, inclusive à brasileira?
AMADEO - Pode chegar, se tiver
longa duração. Se a restrição ao
crédito e a incerteza levarem a
um movimento de redução do
consumo e do investimento,
deverá prejudicar o Brasil.
FOLHA - O BC tende a ficar mais
conservador sobre os juros?
AMADEO - Pode, se houver uma
depreciação do câmbio que
comprometa a inflação.
FOLHA - Os BCs americano e europeu agiram bem na crise?
AMADEO - A decisão foi correta
para evitar que um problema
de falta de liquidez -e não de
insolvência- leve instituições
financeiras a quebrarem.
FOLHA - É hora de o pequeno investidor sair da Bolsa?
AMADEO - Investir em empresas listadas na Bolsa é uma
questão de confiança no seu sucesso no futuro. Não deve depender de situações ocasionais.
FOLHA - Fundos brasileiros podem
ter prejuízos, como os europeus?
AMADEO - Não diretamente.
Não creio que tenham esses
créditos em suas carteiras.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|