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"Excesso de confiança lembra bolha da internet'
FOLHA - Quanto tempo vai durar a
turbulência?
JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN - É
difícil prever. O banco BNP Paribas disse não saber avaliar a
carteira dele, o que é típico de
uma crise de liquidez, em que
não se sabe o preço das coisas.
As pessoas voltarão ao mercado
quando acharem que entendem novamente os preços.
FOLHA - A crise atual é diferente
das ocorridas nos anos 90?
SCHEINKMAN - O excesso de
confiança se parece com o da
bolha da internet. As pessoas
pensavam saber mais do que
realmente sabiam.
FOLHA - A crise chegará à economia real, inclusive à brasileira?
SCHEINKMAN - É provável que
você tenha um aumento dos
"spreads" [diferença entre os
juros captados e repassados], o
que torna os projetos menos
viáveis e leva a uma desaceleração da economia. Isso terá seus
efeitos no Brasil, mas o país está em situação muito melhor
para enfrentar a crise. Tem um
sistema de câmbio flutuante e
um nível de reservas alto.
FOLHA - O BC tende a ficar mais
conservador sobre os juros?
SCHEINKMAN - Não vejo razão
para isso. Nos EUA, os mercados dizem que os BCs podem
reduzir os juros, pois aumenta
a probabilidade de desaceleração e terá menor inflação.
FOLHA - Os BCs americano e europeu agiram bem na crise?
SCHEINKMAN - Os BCs foram
muito bons em manter a liquidez do sistema bancário. O Fed
não está preocupado se a Bolsa
está subindo ou descendo, mas
com resgates, saques e créditos.
FOLHA - É hora de o pequeno investidor sair da Bolsa?
SCHEINKMAN - Nos EUA, historicamente, investir na Bolsa
por um longo prazo tem sido
um ótimo negócio. Eu aconselho não olhar o preço das ações,
mas o prazo e a diversificação.
FOLHA - Fundos brasileiros podem
ter prejuízos, como os europeus?
SCHEINKMAN - Não sei. Os bancos brasileiros são sólidos.
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