DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

O mais tradicional prato da culinária brasileira atravessa distâncias cada vez maiores antes de chegar à mesa da população. Normalmente importado da Argentina nos momentos de escassez, o feijão-preto, base da feijoada, agora está vindo também da China. De janeiro a julho deste ano, o país asiático já enviou ao Brasil 23.729.661 kg do produto.
O número representa quase 35% do total importado no período, de 67.972.041 kg. Sozinho, supera todas as compras externas de feijão-preto feitas pelo Brasil no mesmo período do ano passado, de 12.866.050 kg. Em 2007, no entanto, a China não enviou um único grão para o país.
Segundo o analista Rafael Poerschke, da Safras & Mercado, a mudança no cenário está relacionada a uma demanda por importações atipicamente forte no início do ano. Apesar de o país não ser auto-suficiente em feijão-preto, as compras externas geralmente ganham força apenas a partir de setembro.
"A safra mais importante para o feijão-preto é a primeira, que geralmente começa a ser colhida no fim do ano. Mas, por causa de fatores climáticos, essa safra atrasou", explica o analista.
Com a oferta prejudicada e a demanda em alta, as empresas foram buscar o produto no exterior, e a China surgiu como alternativa devido aos preços baixos. "O feijão chinês chegou mais barato do que o nacional. A diferença chegava a R$ 20, R$ 30 por saca", afirma o presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, José de Sousa e Silva.
No segundo semestre, porém, a maior parte das compras deve vir do Mercosul, de acordo com Silva.


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