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Aposentado pode ter ganho de 3%
Governo apresenta hoje proposta de aumento acima da inflação para quem ganha mais que um salário mínimo
Equipe econômica quer aumento real entre 1% e 1,5%; reajuste de benefícios será combinado com a criação do Fator 85/95
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deverá apresentar
hoje a representantes dos aposentados e às centrais sindicais
uma proposta de aumento real
de até 3% para os benefícios
previdenciários acima do valor
do salário mínimo, segundo
parlamentares envolvidos na
negociação.
O reajuste será combinado
com a criação do Fator 85/95,
como alternativa ao atual fator
previdenciário, que será mantido. Pela regra em estudo, a mulher poderia, por exemplo, se
aposentar quando a soma de
idade e contribuição fosse igual
a 85 (30 de contribuição e 55
anos de idade); o homem, quando fosse igual a 95 (35 de contribuição e 60 anos de idade).
A proposta em estudo até ontem à noite prevê também a
possibilidade de mudança na
forma de cálculo da média das
contribuições do trabalhador
para apurar o valor da aposentadoria. Hoje, essa média leva
em conta as 80% maiores contribuições feitas à Previdência
Social desde julho de 1994. Pode cair para 70%.
"Pelas informações que temos, o aumento seria de até
3%", disse o senador Paulo
Paim (PT-RS). Nas discussões
internas do governo, a equipe
econômica defendeu aumento
real entre 1% e 1,5%.
Paim é autor dos projetos, já
aprovados no Senado, que garantem o mesmo índice de reajuste do salário mínimo para os
demais benefícios e que acabam com o fator previdenciário. As propostas do petista, assim como dois outros projetos
que favorecem os aposentados,
têm grandes chances de aprovação na Câmara, o que forçou
o governo a negociar com os
aposentados e os sindicalistas.
Para o presidente da Cobap
(Confederação Brasileira de
Aposentados e Pensionistas),
Warley Martins, os aposentados não aceitarão aumento real
igual ou menor que 3%. Ou seja,
de aumento de até 7,5%. "Queremos aumento igual ao concedido ao salário mínimo, que será de 8,9%. Essa proposta representa muito pouco."
O deputado Pepe Vargas
(PT-RS), relator do projeto que
acaba com o fator previdenciário, afirmou que até ontem à
noite persistiam divergências
sobre o percentual das maiores
contribuições: 80% ou 70%.
A Folha apurou, no entanto,
que, se o governo não aceitar a
redução, Vargas incluirá 70%
em seu relatório.
O Fator 85/95, que hoje já é
aplicado para servidores públicos, conjuga tempo de contribuição e idade na hora da aposentadoria. A soma dos dois
elementos precisa ser igual a
85 anos (mulheres) e a 95 anos
(homens) para garantir um benefício equivalente à média das
contribuições desde 1994.
Para o presidente da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, a criação do Fator 85/95 não atende
às reivindicações das centrais.
"Isso não resolve o problema
das pessoas que entram cedo
no mercado de trabalho. No
Brasil, há uma alta rotatividade
e o trabalhador não consegue
permanecer 30, 35 anos no
mercado de trabalho", afirma.
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