São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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COMEMORAÇÃO

Dentre mil grandes empresas, 25% são dirigidas por ex-alunos como Abílio Diniz e Benjamin Steinbruch

Escola de Administração da FGV-SP completa 50 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine uma sala de aula formada por Horacio Lafer Piva (Fiesp), Benjamin Steinbruch (CSN), Eugênio Staub (Gradiente) e Abílio Diniz (Pão de Açúcar). E também Fábio Barbosa (ABN Amro), Raymundo Magliano Filho (Bovespa) e José Ermírio de Moraes Neto (Votorantim).
O exercício de imaginação -guardadas as devidas proporções e saltos no tempo- não é tão distante da realidade: todos os nomes citados acima, associados a poderosas instituições e empresas, figuraram, em diferentes épocas, entre os dos alunos da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas), que completa 50 anos amanhã.
Outro exemplo da influência da escola: em viagem recente à África do Sul, 150 empresários representaram o Brasil no Fórum de Líderes Empresariais, ao lado do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). Um terço desses executivos cursou Eaesp.
Não foi coincidência. A probabilidade de presidentes de grandes empresas que estudaram na escola se encontrarem em eventos pelo mundo é grande: das 1.000 maiores companhias brasileiras, 25% são dirigidas por ex-alunos.
Também não por acaso, boa parte da receita da Eaesp vem de doações, muitas provenientes de ex-alunos: cerca de 900 são doadores atualmente. As duas outras fontes de receita (a participação é de um terço cada) são os cursos para executivos -que podem custar até R$ 40 mil- e assessoria para empresas.
A graduação, pela qual a universidade se tornou conhecida, não é lucrativa, já que um terço dos alunos está inscrito no fundo de bolsas de estudo, criado em 1965 e mantido por ex-alunos e empresas, e não paga a mensalidade.
A história da Eaesp ajuda a explicar a influência exercida no meio empresarial. Ela foi criada em 1954, oferecendo um curso intensivo de administração de empresas, e a partir de 1955 passou a oferecer a primeira graduação nessa área no Brasil.
Nos primeiros anos, a maioria dos estudantes era formada por filhos de empresários determinados a preparar sucessores. Foi a quarta escola no mundo a oferecer graduação em administração de empresas. "Nessa época, a FGV começa a pensar em um curso de administração de empresas. São Paulo está em um processo de desenvolvimento industrial, e a fundação consegue apoio do empresariado paulista para abrir a escola", relata Fernando Meirelles, diretor da Eaesp.
"O primeiro curso de administração de empresas oferecido foi nos EUA, em 1880. Em 1950, o Canadá foi o segundo país a ter o curso e, em 1952, veio o México", conta o economista Gustavo de Sá e Silva, 79, professor da escola de 1954 a 1994 que está escrevendo um livro sobre a escola.
Ele conta que a crise enfrentada pela FGV, que teve suas verbas públicas drasticamente reduzidas, ameaçou a Eaesp nos anos 80. "Foi acertado na época que os cursos noturnos seriam extintos e substituídos por cursos de extensão, mais lucrativos."
(MAELI PRADO)

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