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MANOBRAS RADICAIS
Medidas devem sair hoje e conter apelo eleitoral; risco-país cai, mas ainda é o maior do mundo
Argentina lança pacote na véspera da eleição
ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES
A dois dias das eleições legislativas nas quais deve ser derrotado,
o governo argentino deve lançar
hoje um novo pacote para incentivar o consumo e tentar reativar a
economia do país, após mais de
três anos de recessão.
O pacote em estudo incluiria
medidas populares e que poderiam ter algum efeito eleitoral, como corte de impostos, redução
dos aportes aos fundos privados
de aposentadoria e a criação de
um cartão de débito para ser usado em compras de até US$ 150
mensais por desempregados.
Além disso, o governo trabalha
para concluir o mais rapidamente
possível parte da operação de
reestruturação de sua dívida, para
tentar reduzir a desconfiança sobre uma possível moratória.
Também são esperadas mudanças no gabinete de ministros.
Algumas dessas medidas foram
antecipadas em declarações públicas de membros do governo
nos últimos dias, que não quiseram estabelecer uma data para
seu anúncio formal. Ontem, o governo preferiu o silêncio, o que
aumentou os rumores sobre um
possível pacote pré-eleitoral.
Alguns sinais nesse sentido foram passados pelo porta-voz da
Presidência Juan Pablo Baylac.
"Pode haver algumas novidades
entre sexta e segunda", afirmou.
"Não poderia dar detalhes, porque o presidente se mantém hermético, mas creio que está prestes
a tomar decisões dessa natureza",
disse. Ele afirmou ainda que o ministro da Economia, Domingo
Cavallo, cuja permanência no governo vinha sendo colocada em
dúvida, permanecerá no cargo.
Baylac adiantou ainda que a atual
ministra do Trabalho, Patricia
Bullrich, também permanecerá
no governo.
As eleições de domingo vão renovar todo o Senado e metade da
Câmara dos Deputados. As pesquisas indicam que a Aliança, a
coalizão governista, deve perder a
maioria na Câmara para o oposicionista Partido Justicialista, que
já controla hoje o Senado.
Para muitos analistas, porém,
essa derrota poderá não trazer
grandes mudanças práticas, já
que a maioria da Aliança hoje na
Câmara não é absoluta e a autoridade do presidente Fernando de
la Rúa já está muito desgastada.
Um exemplo dessa debilidade
são as declarações recentes do ex-ministro Rodolfo Terragno, candidato a senador pela Aliança na
capital, a quem De la Rúa pediu
votos. Terragno, que já disse que
pedirá a cabeça de Cavallo se for
eleito, disse que a atual política
econômica está "fracassada".
Risco-país
A Argentina continua a ser vista
como o país emergente mais arriscado do mundo para investir,
segundo o índice do JP Morgan.
O risco argentino caiu ontem de
1.859 para 1.825 pontos, mas permanece à frente do risco da Nigéria, cujo índice ontem estava em
1.819 pontos. A Bolsa de Buenos
Aires subiu 3,9%.
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