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SALTO NO ESCURO
Federações da indústria, comércio e agricultura dizem que Estado poupou energia acima da meta
Ceará recusa plano B e rejeita "feriadões"
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Federações da indústria, do comércio e da agricultura do Ceará
entregaram ontem ao Senado e à
Assembléia Legislativa do Estado
um manifesto em que exigem que
o Estado seja excluído do plano B
do racionamento de energia.
As novas medidas propostas
pela Câmara de Gestão da Crise
Energética incluem a criação de
três feriados -um no dia 22 de
outubro e os outros nos dias 16 e
26 de novembro-, que valeriam
apenas para o Nordeste, região
que não conseguiu alcançar a meta de 20% de racionamento.
O Ceará superou a meta em setembro (economizou 20,2%) e esse é o principal argumento das federações para o Estado ficar fora
do novo plano de racionamento.
"Estamos fazendo nosso dever
de casa e não é justo que tenhamos de pagar pelo que os outros
deixaram de fazer", disse o presidente da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), Jorge Parente.
A própria Coelce (Companhia
Energética do Ceará) apóia o manifesto, que também será levado
ao ministro Pedro Parente, que
preside a Câmara de Gestão da
Crise Energética.
Segundo a Coelce, não se justifica a aplicação das novas medidas
no Ceará porque, além de o Estado ter cumprido a meta, as repartições públicas e as residências
que consomem mais de 500 kWh
por mês, apontadas como grandes vilãs em outros Estados nordestinos, também respeitaram a
meta.
O crescimento industrial no
Ceará já está comprometido com
as medidas de racionamento adotadas. O Estado deverá crescer este ano, no máximo, 5%, segundo a
Fiec -em anos anteriores, a média cearense superou a nacional,
alcançando picos de 12% ao ano.
As novas medidas, segundo os
empresários, poderiam trazer
mais demissões e queda na produtividade.
Outro setor que é contra a criação de feriados no Ceará é o das
escolas particulares. Segundo a
Associação das Escolas Particulares, o ano letivo de 200 dias determinado pelo Ministério da Educação seria prejudicado, obrigando as escolas a marcar reposições,
o que anularia a economia de
energia conseguida nos feriados.
Bahia
O governador da Bahia, César
Borges (PFL), disse ontem que o
Estado vai reivindicar tratamento
igual caso o Ceará seja excluído
do plano B do racionamento no
Nordeste. Segundo Borges, o Estado reduziu o consumo de energia em 25%.
Colaborou Luiz Francisco,
da Agência Folha, em Salvador
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