São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2001

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SALTO NO ESCURO

Federações da indústria, comércio e agricultura dizem que Estado poupou energia acima da meta

Ceará recusa plano B e rejeita "feriadões"

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Federações da indústria, do comércio e da agricultura do Ceará entregaram ontem ao Senado e à Assembléia Legislativa do Estado um manifesto em que exigem que o Estado seja excluído do plano B do racionamento de energia.
As novas medidas propostas pela Câmara de Gestão da Crise Energética incluem a criação de três feriados -um no dia 22 de outubro e os outros nos dias 16 e 26 de novembro-, que valeriam apenas para o Nordeste, região que não conseguiu alcançar a meta de 20% de racionamento.
O Ceará superou a meta em setembro (economizou 20,2%) e esse é o principal argumento das federações para o Estado ficar fora do novo plano de racionamento.
"Estamos fazendo nosso dever de casa e não é justo que tenhamos de pagar pelo que os outros deixaram de fazer", disse o presidente da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), Jorge Parente.
A própria Coelce (Companhia Energética do Ceará) apóia o manifesto, que também será levado ao ministro Pedro Parente, que preside a Câmara de Gestão da Crise Energética.
Segundo a Coelce, não se justifica a aplicação das novas medidas no Ceará porque, além de o Estado ter cumprido a meta, as repartições públicas e as residências que consomem mais de 500 kWh por mês, apontadas como grandes vilãs em outros Estados nordestinos, também respeitaram a meta.
O crescimento industrial no Ceará já está comprometido com as medidas de racionamento adotadas. O Estado deverá crescer este ano, no máximo, 5%, segundo a Fiec -em anos anteriores, a média cearense superou a nacional, alcançando picos de 12% ao ano. As novas medidas, segundo os empresários, poderiam trazer mais demissões e queda na produtividade.
Outro setor que é contra a criação de feriados no Ceará é o das escolas particulares. Segundo a Associação das Escolas Particulares, o ano letivo de 200 dias determinado pelo Ministério da Educação seria prejudicado, obrigando as escolas a marcar reposições, o que anularia a economia de energia conseguida nos feriados.

Bahia
O governador da Bahia, César Borges (PFL), disse ontem que o Estado vai reivindicar tratamento igual caso o Ceará seja excluído do plano B do racionamento no Nordeste. Segundo Borges, o Estado reduziu o consumo de energia em 25%.


Colaborou Luiz Francisco, da Agência Folha, em Salvador



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