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RETOMADA
Setor só havia registrado o mesmo período contínuo de expansão no início do Plano Real, em 94; alta no ano chega a 8,8%
Indústria eleva produção pelo 6º mês seguido
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial brasileira
registrou aumento de 1,1% em
agosto em relação a julho, a sexta
alta consecutiva. A última vez em
que a indústria havia acumulado
seis meses seguidos de expansão
foi de julho a dezembro de 94,
após o lançamento do Real. Em
2004, a alta acumulada é 8,8%.
Na comparação com igual período do ano passado, o índice
também é positivo: 13,1% frente a
agosto de 2003, representando 12
meses consecutivos de alta.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
a expansão é puxada principalmente por bens de capital (como
máquinas e equipamentos), com
crescimento de 2,3% na comparação de agosto com julho deste
ano, e por bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis), com aumento de 2,2%.
A expansão da indústria de bens
de capital é considerada essencial
pelos analistas por significar que
as empresas estão investindo na
modernização e na ampliação de
sua capacidade instalada.
Das 23 atividades industriais
pesquisadas pelo IBGE com ajustes sazonais (típicos de um determinado período do ano), 12 apresentaram expansão. "É um resultado que mostra que cada vez
mais a indústria amplia seu crescimento por mais setores. Se, ao
final do ano passado e nos primeiros meses deste ano, as exportações e a agroindústria estavam
sustentando o ritmo industrial, os
últimos índices mostram que o
mercado interno também tem
contribuído para esse avanço",
disse o chefe da Coordenação da
Indústria do IBGE, Silvio Sales.
"A produção industrial surpreendeu positivamente e traz
boas notícias em relação ao desempenho das encomendas à indústria, que ainda se mostram em
alta", avaliou a consultoria Global
Station. A surpresa com relação à
alta de 1,1% também foi o destaque do documento do Departamento de Pesquisas e Estudos
econômicos do Bradesco, que ressalta, como o IBGE, o "dinamismo" de setores produtores de
bens de capital e duráveis.
Categorias
Das quatro categorias que compõem a produção industrial
-bens de capital, intermediários,
duráveis e não-duráveis-, o último, que inclui itens como alimentos, vestuário e medicamentos, foi
o único que apresentou taxa negativa em agosto em comparação
a julho, com queda de 0,3%.
É o segundo resultado negativo
consecutivo de bens semi e não-duráveis, o que leva a uma perda
acumulada de 1,2% de junho a
agosto. Apesar disso, a taxa é positiva no acumulado de janeiro a
agosto (3,1%). A categoria de bens
intermediários (como aço e produtos químicos) teve alta de 0,3%
em agosto em relação a julho.
"Os bens semi e não-duráveis
dependem mais de evolução da
massa salarial", disse Sales. "Por
isso, apresentam crescimento no
ano, mas crescem a um ritmo
bem inferior à média industrial."
Renda em queda
Segundo o IBGE, após apresentar apenas um mês de recuperação em relação ao ano passado, a
renda média real dos trabalhadores voltou a cair em agosto tanto
em comparação ao mesmo mês
de 2003 quanto a julho deste ano.
A queda do rendimento médio
real (descontada a inflação) foi de
1,4% em relação a julho e de
0,93% contra agosto de 2003.
Com isso, a renda média ficou em
R$ 893,10, bem inferior à de dois
anos atrás. Em agosto de 2002, o
valor era de R$ 1.045,52.
A Global Station salienta que os
bens não-duráveis, apesar de
mostrar desempenho inferior às
outras categorias, já registra variação positiva de 0,92% no acumulado em 12 meses, o que não
acontecia desde fevereiro de 2003.
Já o Iedi (Instituto de Estudos
para Desenvolvimento Industrial) diz que a alta da produção
"foi marcadamente desigual" entre os setores e "não configura nova tendência de aceleração do
crescimento da indústria".
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