São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2004

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RETOMADA

Setor só havia registrado o mesmo período contínuo de expansão no início do Plano Real, em 94; alta no ano chega a 8,8%

Indústria eleva produção pelo 6º mês seguido

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial brasileira registrou aumento de 1,1% em agosto em relação a julho, a sexta alta consecutiva. A última vez em que a indústria havia acumulado seis meses seguidos de expansão foi de julho a dezembro de 94, após o lançamento do Real. Em 2004, a alta acumulada é 8,8%.
Na comparação com igual período do ano passado, o índice também é positivo: 13,1% frente a agosto de 2003, representando 12 meses consecutivos de alta.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expansão é puxada principalmente por bens de capital (como máquinas e equipamentos), com crescimento de 2,3% na comparação de agosto com julho deste ano, e por bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis), com aumento de 2,2%.
A expansão da indústria de bens de capital é considerada essencial pelos analistas por significar que as empresas estão investindo na modernização e na ampliação de sua capacidade instalada.
Das 23 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE com ajustes sazonais (típicos de um determinado período do ano), 12 apresentaram expansão. "É um resultado que mostra que cada vez mais a indústria amplia seu crescimento por mais setores. Se, ao final do ano passado e nos primeiros meses deste ano, as exportações e a agroindústria estavam sustentando o ritmo industrial, os últimos índices mostram que o mercado interno também tem contribuído para esse avanço", disse o chefe da Coordenação da Indústria do IBGE, Silvio Sales.
"A produção industrial surpreendeu positivamente e traz boas notícias em relação ao desempenho das encomendas à indústria, que ainda se mostram em alta", avaliou a consultoria Global Station. A surpresa com relação à alta de 1,1% também foi o destaque do documento do Departamento de Pesquisas e Estudos econômicos do Bradesco, que ressalta, como o IBGE, o "dinamismo" de setores produtores de bens de capital e duráveis.

Categorias
Das quatro categorias que compõem a produção industrial -bens de capital, intermediários, duráveis e não-duráveis-, o último, que inclui itens como alimentos, vestuário e medicamentos, foi o único que apresentou taxa negativa em agosto em comparação a julho, com queda de 0,3%.
É o segundo resultado negativo consecutivo de bens semi e não-duráveis, o que leva a uma perda acumulada de 1,2% de junho a agosto. Apesar disso, a taxa é positiva no acumulado de janeiro a agosto (3,1%). A categoria de bens intermediários (como aço e produtos químicos) teve alta de 0,3% em agosto em relação a julho.
"Os bens semi e não-duráveis dependem mais de evolução da massa salarial", disse Sales. "Por isso, apresentam crescimento no ano, mas crescem a um ritmo bem inferior à média industrial."

Renda em queda
Segundo o IBGE, após apresentar apenas um mês de recuperação em relação ao ano passado, a renda média real dos trabalhadores voltou a cair em agosto tanto em comparação ao mesmo mês de 2003 quanto a julho deste ano. A queda do rendimento médio real (descontada a inflação) foi de 1,4% em relação a julho e de 0,93% contra agosto de 2003. Com isso, a renda média ficou em R$ 893,10, bem inferior à de dois anos atrás. Em agosto de 2002, o valor era de R$ 1.045,52.
A Global Station salienta que os bens não-duráveis, apesar de mostrar desempenho inferior às outras categorias, já registra variação positiva de 0,92% no acumulado em 12 meses, o que não acontecia desde fevereiro de 2003.
Já o Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial) diz que a alta da produção "foi marcadamente desigual" entre os setores e "não configura nova tendência de aceleração do crescimento da indústria".

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